Este ano, a crise política que se instalou em Portugal com a dissolução da Assembleia da República – que origina um novo ciclo eleitoral – conduziu-nos ao debate das propostas de programa dos partidos, bem em cima da quadra natalícia. Este período do calendário é tradicionalmente vivido pelos portugueses com alegria, esperança, paz social e alguma anestesia face aos problemas reais do país, que não encontram resposta à altura nas propostas de quem tem governado Portugal na última meia dúzia de anos.

Porque este é o país com uma das maiores cargas fiscais do mundo, é o que tem um dos maiores endividamentos públicos da Europa, é o que tem visto a sua proteção social e de saúde a deteriorar-se e os seus serviços públicos a conhecer uma degradação crescente e assustadora. Mas como é o país em que os seus cidadãos não se resignam e que continuam a lutar e trabalhar por um futuro melhor, parece que tudo vai bem, pois para alguns a culpa de tudo é da pandemia.

A anemia e anestesia que sentimos no País real, tem de dar lugar em 2022 a um crescimento robusto e de uma melhoria da nossa competitividade económica, mas é necessário um rumo diferente e novos horizontes para Portugal.

Neste Natal, já algo amargo pelo confinamento exigido pela nova variante do COVID-19 o presente para os portugueses deveria incluir o auxílio às famílias, e o reforço de apoios sociais, absolutamente estratégico para os portugueses e para a economia nacional.

O nosso povo sonha com um futuro melhor, mas sem criação de riqueza coletiva e uma nova visão estratégica para Portugal, dificilmente acontecerá. O Estado precisa de criar soluções para os novos desafios nestes pós pandemia, iniciar a retoma económica e recuperação de postos de trabalho, bem como vencer os desafios demográficos decorrentes da baixa natalidade e do envelhecimento ativo, para evitar o agravamento das desigualdades sociais e globalização desregulada, da pobreza e da exclusão social.

Pois os últimos dois anos, vão ficar marcados na nossa memória por muito tempo, como um ano em que todos se superaram, em que readequamos os nossos modos de vida, das rotinas e hábitos sociais, em que se massificou os contatos digitais, numa transformação jamais vista na área tecnológica, em que nos protegemos a nós e aos outros, de extrema exigência num combate a um “inimigo invisível” de seu nome SARS-CoV-2.

Não faltam, pois, desafios para o novo ano que se iniciará, que terá de adotar um novo modelo de desenvolvimento económico e social, para voltar a criar riqueza e aumentar a competitividade. Caberá ao novo Governo e ao Estado, nesta reconstrução patriótica, encontrar as melhores condições para uma sociedade civil criativa, empreendedora e inovadora, com um Estado forte e eficiente. O verdadeiro crescimento económico e social, com mais poder de compra, menos impostos e melhores serviços públicos é o que todos merecemos em 2022.

Deixo votos de um bom ano e um santo natal para todos, com muita paz, felicidade e amor. Vamos desejar e acreditar num Portugal que adoramos e em que vale a pena viver, trabalhar e sonhar. Até para o ano, em 2022!