Os sindicatos da CGTP acusaram a empresa Navigator Company de querer despedir 54 trabalhadores, “que têm em comum o facto de não se calarem, de reivindicarem aumento de salário, de falar nos plenários ou de decidirem fazer greve”.
Em particular, a Empresa é acusada de exercer alegada pressão sobre colaboradores para cessarem os seus contratos, apontando a saída de 54 trabalhadores nas unidades de Setúbal e Figueira da Foz.
A empresa liderada por António Redondo reagiu hoje em comunicado dizendo que são “acusações falsas”. A The Navigator Company considera essencial “esclarecer os factos, reafirmando o seu compromisso com a transparência, o respeito pelos colaboradores e o cumprimento rigoroso da legislação laboral em vigor”.
Em resposta ao Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro Norte a propósito de queixas quanto aos processos de avaliação, a empresa diz “atua com base num sistema de avaliação de desempenho estruturado, objetivo e transparente, aplicável a todos os colaboradores e dissociado de qualquer forma de retaliação ou discriminação”.
“As afirmações recentemente tornadas públicas sobre alegadas penalizações a colaboradores por reivindicações salariais ou participação em greves não têm qualquer fundamento e não refletem a prática da empresa”, sublinha.
“O processo de avaliação de desempenho envolve vários níveis hierárquicos, de forma a garantir coerência, transparência e equidade, assegurando a harmonização global e a uniformidade de critérios em todo o universo industrial da empresa. Sempre que necessário, são recolhidos contributos de outras áreas ou Direções”, explica a Navigator que relata que “houve colaboradores que exerceram o seu direito à greve em 2024 e obtiveram avaliações elevadas, o que permitiu progressões e promoções relativas a esse mesmo ano — facto reconhecido pela própria Comissão Sindical”.
“Por outro lado, existem também casos de colaboradores que não exerceram esse direito e obtiveram avaliações que se situaram abaixo das expetativas. Estes exemplos ilustram inequivocamente que as avaliações são atribuídas com base em critérios objetivos”, refere a empresa.
A Navigator diz ainda que se encontra a realizar “uma reorganização industrial ajustada à nova realidade do mercado, nomeadamente com a reorientação da produção para segmentos de embalagem sustentável, que é comercializada em bobines, o que diminui a necessidade de mão de obra nas operações de transformação e embalamento de papel”.
A Navigator começa por destacar no comunicado que “desde 2014 tem em curso um programa de rejuvenescimento, direcionado a colaboradores com longas carreiras, especialmente em regime de turnos, e que permite a adesão voluntária e transparente para a saída antecipada da vida ativa, com condições compensatórias atrativas que permite uma saída que é compensada em função dos anos de carreira realizados e do tempo que falta até à reforma, assegurando uma transição justa e digna”.
“Os critérios de elegibilidade são claros: os colaboradores podem aderir entre os 60 e os 63 anos, ou, em alternativa, a partir dos 57 anos, caso tenham desempenhado trabalho por turnos durante pelo menos 30 anos; aos 58 anos com 25 anos em turnos; ou aos 59 anos com 20 anos em regime de turnos. Desde a sua criação, o programa já contou com a adesão de 681 colaboradores, dos quais 356 desde 2020, sendo que a maioria desempenhava funções em regime de turnos”, revela a Navigator.
“Esta iniciativa constitui uma forma concreta de reconhecer o impacto acumulado de décadas de trabalho exigente e é possível graças à política retributiva da Empresa, significativamente acima da média nacional, e ao acesso a um fundo de pensões financiado pela Navigator, disponível para os colaboradores reformados”, acrescenta.
Enquadramento das saídas de pessoal em 2025
Na Navigator em Portugal, registaram-se, até à data, 84 saídas de colaboradores em 2025, “motivadas por situações de mútuo acordo, não renovação de contrato, reforma, rejuvenescimento, por iniciativa do colaborador e falecimento. Estes dados refletem a dinâmica natural de uma organização com mais de 3.000 trabalhadores, em que a mobilidade de talento ocorre por múltiplos fatores”, explica a empresa.
Adicionalmente, as saídas previstas até final do ano de 2025 abrangem 41 colaboradores, revela a Navigator. Do total de 125 saídas ocorridas ou previstas até final de 2025, apenas 25 resultam da reorganização industrial em curso, nas unidades de Setúbal e Figueira, sendo que o número de colaboradores efetivamente abrangidos é substancialmente inferior aos 54 mencionados publicamente.
“Importa esclarecer que as alegações da CGTP confundem situações distintas — adesões voluntárias ao programa de rejuvenescimento e saídas enquadradas em acordos individuais ou reorganizações específicas —, dando a entender uma realidade que não corresponde aos factos” aponta a empresa.
A Navigator salienta que as saídas por mútuo acordo foram negociadas de forma individualizada e assentam, na sua maioria, “em situações de desempenho reiteradamente abaixo do expectável ao longo dos anos, independentemente de integrarem as áreas de produção afetadas pela reorganização em curso”.
“Em paralelo, a Navigator tem vindo a apostar no reskilling e upskilling dos colaboradores com melhor performance, garantindo que assumem novas funções em áreas estratégicas para o futuro da Empresa”, diz a empresa que acrescenta que “este investimento na capacitação interna demonstra o compromisso com uma transição justa, com a valorização das pessoas e com a sustentabilidade do emprego”.
A Navigator acrescenta que “a valorização do mérito individual é um dos pilares da política de gestão de pessoas da Navigator” e refere que “em 2025, 1.271 Técnicos Operacionais foram promovidos ou progrediram na sua carreira, em resultado da avaliação de desempenho, correspondendo a 73,5% do total dos Técnicos Operacionais, evidenciando o reconhecimento concreto do contributo de quem está diariamente envolvido nas operações da empresa”.
“Estas avaliações tiveram um impacto direto na política salarial, traduzindo-se em aumentos médios totais de 5,76% para os colaboradores abrangidos, valor significativamente acima da média de atualização geral de 2,24% da tabela salarial”, destaca.
Complementarmente, no início de 2025, a Navigator “propôs a distribuição de prémios de desempenho num montante total de 19 milhões de euros, relativos à aplicação dos resultados de 2024, cujo pagamento definitivo ocorre no presente mês de maio”.
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