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Nem o Brexit abalou o otimismo que se vive no mercado europeu

“O mercado imobiliário na Europa atravessa um momento favorável aos bons negócios e à intensificação da parceria internacional”, é a opinião unânime dos principais CEO da Century 21.
3 Março 2018, 09h00

Não é só em Portugal que existe confiança no setor, são vários os países europeus que partilham este momento de dinamismo e otimismo no mercado imobiliário.

Na recente Convenção Anual Century 21 Ibéria, que decorreu em Lisboa, o Diário Imobiliário/Jornal Económico, ouviu os responsáveis da Century 21 no Reino Unido, na Alemanha, República Checa, Eslováquia, Bélgica e Portugal e o otimismo é unânime: O mercado conhece um momento favorável aos bons negócios e à intensificação da parceria internacional.

E nem mesmo o Brexit parece estremecer a confiança de Paul Morgan, CEO da Century 21 UK International. “Em relação ao Brexit e às suas repercussões é difícil ter opiniões perentórias. E embora ninguém possa prever o que vai acontecer – porque as conversações prosseguem –, convém constatar que tanto o nível de preços no Reino Unido como o emprego estão num patamar muito bom e as taxas de juro continuam baixas. Pensamos, porém, que haverá repercussões, isso é certo, mas ainda é impossível prever o seu alcance. No entanto estamos seguros de termos uma forte e diversificada economia, preparada para essa eventual evolução”, explica. Paul Morgan assegura que com o Brexit as pessoas estão nervosas e expectantes e isso manifesta-se no mercado em relação à compra ou venda de casas no estrangeiro. Mas o responsável admite que os britânicos sempre foram grandes compradores de casas fora de fronteiras. O ano passado os britânicos foram os segundos maiores compradores de casas tanto na Costa Leste como na costa Oeste dos EUA.

Também Stuart Poley, diretor de vendas da Century 21 UK International, garante que o mercado imobiliário britânico, em todas as suas vertentes, tem crescido de forma constante: “No Reino Unidos temos que construir cerca de 250 mil a 260 mil casas por ano mas, normalmente, esse valor situa-se abaixo das necessidades, com repercussões no lado da oferta e dos preços”.

Preços cresceram rápido na Alemanha

Já Christian Ammann, CEO da Century 21 Alemanha, admite que depois de décadas de estabilidade, “constatamos que depois de 2007 os preços na habitação na Alemanha cresceram muito rapidamente. E já que falámos das eventuais repercussões do Brexit, constatamos na Alemanha que muitos investimentos que anteriormente iriam para o Reino Unido se estão a deslocar para o nosso país, nomeadamente para as quatro grandes cidades: Berlim, Hamburgo, Munique e Frankfurt”.

Christian Ammann adianta ainda que há um facto novo no mercado nacional: “há cerca de três meses que assistimos a um número crescente de investidores a promover projetos em pequenas ou médias cidades, por preverem que aí poderão tirar maior rendimento para a sua aplicação de capital, pois a procura é muito maior do que a oferta”. O responsável salienta também que o mercado do arrendamento na Alemanha se mostra interessante para os investidores estrangeiros, pois aí poderão encontrar boas taxas de retorno, dada a escassez de oferta face a uma crescente procura.

Por seu lado, Daniel Bily, CEO da Century 21 Eslováquia explica que no seu país, depois dos anos da crise assiste-se, desde há dois anos para cá, a uma recuperação. Prova disso, é a chegada ao país de grandes marcas mundiais, como a Jaguar ou a Land-Rover, que investem na construção de grandes fábricas de montagem automóvel. Mas há duas realidades muito distintas no país. “É bom não esquecer… Por um lado a capital – Bratislava – e os seus arredores, que está no top e onde os preços são elevados e o desemprego diminuto (também Kosice, a segunda maior cidade do país); e, depois, o resto da Eslováquia, rural e de pequenas cidades, onde a situação é diametralmente oposta e onde o desemprego se faz sentir com mais intensidade. Isso repercute-se no mercado imobiliário”, salienta.

Lubomir Milika, CEO da Century 21 República Checa, revela que no seu país vivem-se bons anos. Temos uma baixa taxa de desemprego, que desceu de 5 para 3%. “Tal como Portugal temos cerca de 10 milhões de habitantes, e somos um país industrializado com uma economia desenvolvida e um PIB per capita que é 88% da média da União Europeia (Portugal tem 77%)”. Milika adianta ainda que em Praga, o preço de m2 de construção nova ronda os 3.400 euros e os apartamentos em segunda são vendidos a uma média de 2.400 euros/m2. Com o elevado crescimento, e queda da taxa de desemprego, os preços têm subido muito rapidamente. “Basta dizer que o ano passado o residencial em Praga aumentou 19% e no resto do país o aumento médio foi de 15% e desde 2012, os preços da residência aumentaram 50%! É pois difícil aos checos e aos habitantes de Praga comprarem casa na cidade dado o aumento de preços verificado nos últimos anos. Mas os arrendamentos também tiveram a mesma evolução”, admite a CEO da República Checa.

Já no mercado belga os preços das casas depois de não terem parado de crescer durante muito tempo, estabilizaram nos últimos quatro a cinco anos. Isabel Vermeir, CEO da Century 21 Bélgica, afirma que se trata de um mercado firme e estável. “70% dos belgas são donos da sua própria casa e 30% são arrendatários. Os jovens logo que arranjam trabalho querem comprar casa. Penso que isso está nos genes do povo belga… As estatísticas dizem-nos que as pessoas, em média, mudam de casa duas ou três vezes durante a sua vida o que faz com que haja um mercado grande de venda de habitações de segunda mão”, explica.

Quanto ao mercado de arrendamento, a Bélgica tem um passado de rendas historicamente baixas. “Os preços não mudam muito da capital – Bruxelas – para o resto do país. O panorama pouco difere neste campo”, salienta a responsável.  Isabel Vermeir acrescenta ainda que os belgas compram também bastantes casas no estrangeiro, principalmente em Espanha.

Relativamente a Portugal, Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal confere que nos últimos anos, temos vindo a assistir a uma enorme transformação no mercado imobiliário português, com um aumento sustentado do número de transações e uma evolução positiva do valor dos imóveis. “Contudo, existem vários mercados e diferentes realidades, em todo o território nacional. Depois da forte procura internacional, muito influenciada pelos incentivos das medidas Golden Visa e Programa de Residentes Não Habituais, bem como pelo crescimento exponencial do turismo  – que impactou especialmente o mercado imobiliário na cidade de Lisboa e Porto – a realidade hoje é menos redutora e são as famílias portuguesas o maior polo de dinamização do mercado, sobretudo nas zonas e regiões mais periféricas, onde se registam as maiores taxas de crescimento no número de transações imobiliárias”, conclui.

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