A crise pandémica e económica por que o mundo tem passado tem levado à reabertura de uma discussão maioritariamente tida em momentos de recessão – o crescimento de empresas zombie e o seu eventual impacto. Os estímulos de governos e bancos centrais efetuados durante o ano de 2020 bem como todos aqueles ainda em vigor, permitem que várias dessas empresas consigam persistir e aumenta, por isso, a preocupação de que possam eventualmente atrasar a recuperação económica. A realidade é que o aumento do número de empresas nesta situação está muito relacionado com uma economia fraca em que a sua redução depende de um forte crescimento económico.
O que são empresas zombie e o porquê de nos preocuparmos com elas
A definição geralmente utilizada para identificar empresas zombie são aquelas cujas receitas não são suficientes para pagar os juros das suas dívidas. Esta definição exacerba, no entanto, o número de empresas nessa situação, uma vez que elas apenas têm de cumprir este critério por um ano para que entrem imediatamente para a contagem de empresas zombie. Assim, é possível observar um forte aumento desse número durante recessões e também uma considerável diminuição com as recuperações económicas. Nomeadamente, no ano de 2008, nos Estados Unidos, a dívida total destas empresas ascendia aos 1,5 triliões de dólares, enquanto passado dois anos esse número era 70% mais baixo (0,46 triliões de dólares).
Potencialmente, os restantes 30% são aqueles que devem ser alvo de maior escrutínio e preocupação.
Num estudo realizado pelos economistas Ricardo Caballero, Takeo Hoshi e Anil Kashyap, é demonstrado que estas empresas têm uma produtividade mais baixa do que outras que não estejam na mesma situação. Essa conclusão é igualmente partilhada por diversos ensaios académicos que argumentam que empresas zombie retiram receita comercial a outras mais saudáveis e que contribuem assim para um mais fraco crescimento económico. Para além disso, os bancos têm também incentivos em continuar a emprestar uma vez que o possível incumprimento por parte dessas empresas, tem a capacidade de reduzir o seu capital, chamando assim à atenção dos supervisores. Gera-se assim um ciclo vicioso que é importante estancar.
O que fazer para resolver este problema
Apesar de existirem empresas que não irão conseguir sair dessa situação e que poderão, por ventura, acabar por falir, existem também diversas medidas que podem ajudar a diminuir as empresas que têm dificuldades em deixar de serem denominadas de zombies. Em particular, talvez se deva destacar duas como principais:
Como é necessário esperar que a economia volte ao seu nível potencial para que se entenda quais as verdadeiras empresas zombie, é prematuro deixar de emprestar antes de tempo. Como já foi visto, grande parte destas empresas deixam de ter essa denominação e acabam, por isso, por servir como estabilizador automático em tempos de recessão. Acabar com uma empresa zombie numa economia débil só agrava a sua fraqueza, uma vez que seria possível observar um maior número de desempregados a diminuírem o seu consumo.
Nestas alturas, estas empresas são essenciais para a manutenção do emprego e do consumo. É então melhor ter trabalhadores em empresas zombie do que tê-los desempregados.
Frederico Aragão Morais
Senior Market Analyst na Qaestum Capital
Este conteúdo patrocinado foi produzido em colaboração com a Qaestum Capital.
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