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Nestlé quer que políticas públicas incentivem melhor nutrição

A Nestlé está a crescer em Portugal, ajudada pelo melhoria da taxa de natalidade, mas o desenvolvimento do negócio passa pelo cruzamento da alimentação com a saúde.
29 Junho 2017, 07h00

O negócio da empresa de alimentação e bebidas ao nível mundial Nestlé, no mercado português, cresceu 3,7% no ano passado, face a 2015, para 479,9 milhões de euros, suportado pelo segmento de Nutrição Infantil e graças à recuperação da taxa de natalidade em Portugal.

“Continuámos a crescer”, diz Fernando Realista Carvalho, presidente da Nestlé Nutrição Infantil, ao Jornal Económico, explicando que, “obviamente, este crescimento vem pela recuperação da taxa de natalidade”.

“Quantos mais bebés houver, maiores são as probabilidades de crescimento”, sublinha.

Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que o número de nascimentos em Portugal aumentou 1,9% no ano passado, face a 2015, para 87.126.

O futuro tem como base a Health Science

No entanto, as expectativas da empresa centram-se no desenvolvimento de outro segmento: Nestlé Health Science, ou seja, a ligação entre alimentos e produtos farmacêuticos.

Fernando Realista Carvalho diz que o crescimento do negócio da Nestlé Health Science faz-se “a dois dígitos”, sem detalhar valores.

Criada em 2011, na área de HealthCare Nutrition do grupo Nestlé, esta divisão de Health Science é a primeira de uma nova geração de empresas que junta o resultado da investigação na área da saúde à alimentação.

O aumento da esperança de vida e a evolução demográfica, são uma base para o desenvolvimento desta oferta.

“Com o envelhecimento da população, temos uma série de produtos de nutrição clínica que se adequam às doenças [das pessoas mais idosas]”, Realista de Carvalho.

A Nestlé Health Science comporta duas áreas: a primeira, de nutrição médica, é especializada no tratamento de doenças; a segunda, produz suplementos alimentares para o que a Nestlé designa como “envelhecimento saudável”.

“[São] pessoas que não estão doentes, mas precisam de um apoio nutricional, de um suplemento”, explica Fernando Realista Carvalho.O presidente da Nestlé Nutrição Infantil diz que, na Europa, há 33 milhões de pessoas em risco nutricional. Em Portugal, há cerca de dois milhões de pessoas com mais de 65 anos, e, destes, “30%, sofre de má nutrição”. Os custos de internamento, diz, ascendem os 170 milhões de euros.

“Nem sequer estamos a falar da quantidade de pessoas que por ter um problema de má nutrição necessitam de outros tratamentos que não precisariam se houvesse outro tipo de prevenção”, afirma Realista de Carvalho.
Este é o cenário em que a Nestlé Health Science oferece soluções nutricionais.

No entanto, Fernando Realista de Carvalho defende que é necessária uma política governamental que ajude as pessoas que não têm capacidade económica a aceder a este tipo de produtos.

“Precisamos de políticas que ajudem e que apostem mais na prevenção”, afirma.

Novos produtos de investigação

Nos próximos tempos, a Nestlé Health Science vai focar a sua investigação “na área da disfagia, problema com o ato de engolir; na saúde mental- depressão, epilepsia, saúde cognitiva e Alzheimer; problemas gastrointestinais e doença oncológica”.

“[O compromisso da Nestlé é] oferecer as melhores soluções saudáveis possíveis, de acordo com a ciência, que vão de encontro aos que os profissionais de saúde necessitam, sempre no estrito cumprimento da regulamentação específica para a nutrição infantil”, diz o responsável.

Mas há igualmente outros compromissos a ter em conta, na área da nutrição, muitos deles enquadrados no programa “Começar Saudável, Viver saudável”. Este módulo educativo foi desenvolvido por nutricionistas, médicos pediatras e profissionais de saúde, com uma linguagem simples.

No problema da obesidade, por exemplo, a Nestlé tem trabalhado numa tecnologia chamada OptiPro, que permite “reduzir a quantidade de proteína das fórmulas infantis e prevenir o excesso de peso e a obesidade nos primeiros meses”.

Na introdução dos alimentos infantis, há outras tendências a ter em consideração, nomeadamente a redução do sal e açúcar. No caso do açúcar, pretende-se uma redução da presença nas papas infantis e nos purés de fruta. Na fábrica de Avanca, a primeira da Nestlé em Portugal, vai ser feita uma melhoria no processo de produção, nesse sentido.

Há outros compromissos em oferecer cada vez mais produtos naturais e isso significa continuar a selecionar “os produtores de cereais em Portugal” no sentido de “melhorar as produções, as colheitas, com o fim de obter a melhor matéria-prima”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno, em exclusividade, durante os primeiros seis meses de vida do bebé. Fernando Realista Carvalho – que é nutricionista de formação – defende também a amamentação como “primeira opção”. No entanto, quando o bebé, por alguma razão não pode ser amamentado, diz que a Nestlé “tem de assegurar o produto mais próximo do leite materno”.

A Nestlé está também atenta à questão dos micronutrientes, e, neste caso, o desenvolvimento da investigação é feito de país em país. “Se Portugal tem um problema de ferro, enriquecemos Celerac com ferro”, exemplifica o presidente”. Por exemplo, Portugal regista uma carência de Iodo em idade pré-escolar”, revelam os últimos estudos feitos, diz.

A Nestlé refere que a quota de mercado da marca em Portugal se situa, aproximadamente, nos 50%.

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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