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Netflix abre guerra aos grandes estúdios de Hollywood

Apesar de a Netflix ter ganho bastante valor no mercado devido a séries como Narcos ou House of Cards, a verdade é que a NetFlix pretende expandir-se, ainda mais, para o mundo do cinema.
10 Janeiro 2019, 19h02

No final de dezembro do ano que passou, a plataforma cinematográfica Netflix lançou o thriller “Às cegas” com Sandra Bullock sem qualquer aviso. A curiosidade dos subscritores levou a que cerca de 45 milhões de pessoas já tenham visto a película, tornando-se um dos maiores sucessos do ano de 2018.

Os cinemas, por sua vez, têm visto o número de visitantes a diminuir consideravelmente, sendo que em Portugal houve uma quebra de 3,3 milhões de euros nas bilheteiras em comparação com 2017, afirmou hoje o Instituto de Cinema e Audiovisual à Agência Lusa.

A estreia deste filme original por parte da empresa reabre a guerra com as grandes produtoras de cinema de Hollywood, como a Universal Pictures, Paramount ou a Warner Bros. Apesar de a Netflix ter ganho bastante valor no mercado devido a séries como Narcos ou House of Cards, a verdade é que a NetFlix pretende expandir-se, ainda mais, para o mundo do cinema. Com isto em mente, em março de 2017, contrataram o ex vice-presidente da Universal Pictures, Scott Stuber, para gerir o incremento no investimento de filmes. O departamento de Stuber pretende lançar 55 filmes originais no ano de 2019, podendo este valor aumentar para 90 se incluírem documentários e filmes de animação, enquanto que a Universal estreou em 2018 perto de 40 produções.

Como a Netflix não brinca em serviço e quer ganhar a guerra, uniu-se a Martin Scorsese que vai lançar “The Irishman” este ano, a Guillerme del Toro que vai construir a nova versão de Pinóquio e Michael Bay, conhecido por “Transformers”, que tem o ator Ryan Reynolds a seu lado em “Thundercats”. O objetivo da plataforma não é só estar a lançar novos conteúdos de forma constante mas também obter o reconhecimento da crítica, como foi o caso de “Roma” que ganhou um Globo de Ouro no ínicio desta semana e, assim, convencem os usuários que não é necessário frequentar as salas de cinema para ver filmes de qualidade, eliminando desta forma os seus principais adversários. Em entrevista ao Expansión a consultora audiovisual, Elena Neira, explica que o investimento no marketing, com o lançamento da newsletter ou através de uma notificação no telemóvel, serve para dar notoriedade aos seus conteúdos sem gastar tanto em publicidade com os estúdios, que é onde está a maior parte dos custos.

Com o aumento de subscritores na plataforma digital, a Netflix destinou mais de sete mil milhões de euros para a produção de novas séries e de filmes, para que os utilizadores fiquem sempre satisfeitos com o serviço que estão a pagar. Para esta empresa, um filme só é rentável quando é capaz de fidelizar o utilizador e é capaz de gerir novos subscritores.

Um problema que os gigantes estúdios de Hollywood têm é não ter a capacidade de financiar muitos filmes, devido às campanhas de publicidade e à distribuição para todos os cinemas do mundo. Neira, que estudou o efeito desta nova televisão, diz que as produtoras muitas vezes não conseguem gerar os lucros que pretendem devido ao pouco tempo que os filmes estão no cinema. “O problema é que poucos filmes duram mais de duas ou três semanas no cartaz” enquanto isso não afeta a plataforma digital porque os conteúdos podem ser consumidos a qualquer altura e o número de vezes que o utilizador pretende.

Apesar de o serviço apagar alguns conteúdos ao fim de um tempo, os utilizadores protestaram contra a saída da séries “Friends”, que estreou na televisão há 24 anos, o que acaba por ter um custo de 100 milhões de dólares por ano para o manter no catálogo.

O facto de a indústria do cinema não ser capaz de seguir o ritmo da empresa de Reed Hastings provocou uma aceleração na consolidação do sector cinematográfico. Os estúdios mostram-se preocupados com o avanço dos digitais, o que levou à compra da Time Warner pela companhia AT&T e a aquisição da 21st Century Fox e da Marvel pela Walt Disney.

Atualmente, o serviço da Netflix conta com perto de 140 milhões de utilizadores por todo o mundo.

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