[weglot_switcher]

Nicolás Maduro diz que líder da oposição se prepara para fugir da Venezuela

Nicolás Maduro acusou Edmundo González de ser “um criminoso que contratou criminosos para atacar o povo e que se esconde”, acrescentando que o candidato da oposição nas eleições de 28 de julho e que reclama vitória “é dos piores criminosos” que se tem visto, “pior que [Juan] Guaidó”, numa referência ao anterior dirigente da oposição.
18 Agosto 2024, 15h14

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, alertou este domingo que o principal candidato da oposição nas mais recentes eleições presidenciais, Edmundo González, está a preparar a sua fuga do país.

“Está metido numa caverna e a preparar a sua fuga da Venezuela. Edmundo González leva o dinheiro para Miami”, afirmou Maduro a partir do Palácio de Miraflores, sede presidencial e destino final da marcha ‘chavista’ que aconteceu no sábado.

Maduro acusou González de ser “um criminoso que contratou criminosos para atacar o povo e que se esconde”, acrescentando que o candidato da oposição nas eleições de 28 de julho e que reclama vitória “é dos piores criminosos” que se tem visto, “pior que [Juan] Guaidó”, numa referência ao anterior dirigente da oposição.

O chefe de Estado sublinhou que o ‘chavismo’ demonstrou uma vez mais que “as ruas são do povo”.

“A Sayona [figura lendária da Venezuela, à qual se associa um caráter vingativo] perdeu gás, fracassou. Não a querem nem na oposição”, acrescentou, em referência à dirigente da oposição Maria Corina Machado, que no sábado liderou, por sua vez, a manifestação opositora em Caracas no âmbito de uma jornada mundial de mobilização da oposição.

Maduro referiu-se às manifestações do campo opositor associando-as à “direita fascista” e afirmou: “Uma coisa é o opositor, respeito-o. Outra coisa são os fascistas”, disse.

“Os ‘influencers’ e artistas de Miami fracassaram, não podem com o povo da Venezuela”, acrescentou, contrapondo com as “mais de 100 mobilizações registadas este sábado pela paz e contra o fascismo”.

“Quando o povo ‘chavista’ sai à rua, está garantida a paz […]. Estou feliz de abrir as portas deste palácio presidencial ao seu dono, o povo venezuelano, o único dono do poder político na Venezuela. Hoje posso dizer com certeza absoluta: vencemos de novo! Porque ganhou a paz e o povo. Não poderiam e não poderão”, rematou.

O Presidente pediu ao parlamento que aprove “muito rapidamente” a lei contra o fascismo, o neofascismo e os crimes de ódio, que prevê, entre outros, punir quem promove “atos de violência” no país.

“Estamos perante um povo malévolo e fascista. Percebem o que é o fascismo? É o ódio, a intolerância, transformados em violência”, disse, no sábado, Nicolás Maduro, numa referência à maior coligação da oposição, no final da manifestação de apoiantes do Presidente e funcionários do Estado, em defesa do resultado oficial das presidenciais de 28 de julho.

De acordo com a organização não-governamental (ONG) Provea, a lei contra o fascismo “junta-se a uma série de normas arbitrárias que procuram fechar o espaço cívico, silenciar os setores críticos e legitimar as práticas persecutórias do Estado venezuelano”.

Na terça-feira, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu às autoridades venezuelanas para não aprovarem “leis que minem o espaço cívico e democrático do país”, entre as quais mencionou a lei contra o fascismo e a lei contra as ONG, aprovada esta semana.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.

A oposição e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, registando-se cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.