Em 2012 a Nike lançou os ténis Flyknit Racer, uma sapatilha de corrida considerada na altura um avanço tecnológico, a nível de produção. Produzidos com uma máquina especial de tricô, estes ténis são produzidos por menos mão-de-obra e menos materiais do que a maioria dos sapatos de corrida.
Este mesmo material tornou-se na base de uma experiência que tem potencial para promover a indústria desportiva assim como para o lazer.
A Nike tem vindo a trabalhar desde 2015 com a Flex – uma empresa de tecnologia de ponta, mais conhecida por produzir as pulseiras Fitbit e trabalhar para a Lenovo – para introduzir maior automação na produção de calçado.
As instalações da Flex, no México, tornaram-se numa das fábricas mais importantes da Nike, sendo responsáveis não só por uma fatia da crescente produção da empresa, mas também por uma série de inovações.
Para a Nike, a mudança para uma maior autonomia tem duas grandes vantagens. Ao reduzir os custos, a empresa pode ver os seus lucros crescerem acentuadamente, permitindo também o desenvolvimento de novos produtos e entregas mais rápidas.
“Juntos estamos a modernizar a indústria do calçado”, disse Chris Collier, diretor financeiro da Flex, ao Financial Times. “Esta é uma relação a longo prazo, e é também uma relação milionária, que não pode ser medida em anos, mas em décadas”.
Nas últimas duas décadas a Nike foi uma das pioneiras na terciarização da produção, apesar de ter sido acusada várias vezes de trabalho infantil e de oferecer más condições de trabalho.
Se a empresa norte-americana for bem sucedida no desenvolvimento de melhores tecnologias que substituam a mão de obra humana, países com a China podem temer uma “rolha” no desenvolvimento da aposta da indústria.
O aumento das vendas da Nike permite o maior empenho neste desafio, continuando para já com a mão-de-obra asiática. A empresa é um dos maiores empregadores multinacionais, com mais de 1,02 milhões de trabalhadores em 42 países.
Sridhar Tayur, professor de gestão de operações da Tepper School of Business, nos Estados Unidos, diz que as decisões tomadas pela Nike podem ser um marco significativo na indústria.
“Os custos laborais na Ásia já não são tão baixos [como anteriormente], a menos que vá para a África ou para outro lugar… Houve um aumento de pressão [por parte das empresas] para mudar [as fábricas] para um local mais barato ou para uma maior autonomia”, explicou ao Financial Times. “Os custos mais elevados fizeram com que as empresas olhem para a autonomização de forma mais séria”.
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