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Noruega lidera “corrida” à eletrificação automóvel

Na Noruega, mais de um terço dos automóveis novos são elétricos ou híbridos plug-in, graças a incentivos fiscais, descontos nas portagens e faixas especiais. O país nórdico é o que mais rapidamente adota os veículos elétricos e está na frente da “corrida” à eletrificação automóvel.
1 Junho 2017, 10h48

A Fortaleza de Akershus, em Oslo, já serviu como abrigo antibomba. Agora está a ser requalificada. A partir de 1 de junho, os noruegueses que tenham veículos elétricos poderão usar a cave par recarregar os seus veículos durante a noite num dos 86 postos de carregamento que acabam de ser instalados. E de graça.
Este é apenas o mais recente exemplo de como a Noruega está a apostar forte na eletrificação dos seus automóveis, e a ganhar a “corrida”, segundo indica a Bloomberg, que declara que mais de um terço dos veículos novos vendidos na Noruega são elétricos ou híbridos plug-in, uma proporção 10 vezes superior à que se regista nos EUA.

A agência continua dizendo que a Noruega, onde circulam já 100 mil veículos eletrificados (para uma população de 5 milhões) perde apenas para os EUA, a China e o Japão em números absolutos, e que o Governo norueguês pretende que, até 2025, não sejam vendidos mais veículos com motor térmico. “Podemos dizer que a Noruega é o primeiro mercado de massa para veículos elétricos”, declara à Bloomberg Sture Portvik, o responsável pela garagem de Akershus.

O “boom” dos elétricos na Noruega não surge por acaso. O Governo tem lançado vários incentivos fiscais para alavancar a adoção destes modelos. Por exemplo, quem comprar um veículo elétrico está isento de pagar qualquer dos impostos relacionados com a compra, incluindo 25% de IVA. Além disso, os elétricos noruegueses também não pagam a taxa anual automóvel, equivalente ao português IUC. Mas há mais. Os postos de carregamento municipal são grátis, tal como as portagens e as viagens de ferry, e os elétricos podem circular nas faixas BUS para fugir ao trânsito. Não admira, portanto, que os noruegueses chamem “fossilbiler” (carros fóssil) aos veículos com motor térmico.

Mas não são só os incentivos fiscais que levam a esta adoção massiva de modelos elétricos. A paisagem particular da Noruega garante-lhe uma clara vantagem na geração hidroelétrica, o que faz com que os elétricos não sobrecarreguem a rede e com que seja possível oferecer eletricidade gratuita para o seu carregamento.

Curiosamente, o sucesso elétrico da Noruega assenta no facto de os restantes países não serem tão céleres na eletrificação do seu parque automóvel. A Noruega é o maior exportador de gás e petróleo da Europa Ocidental, conseguindo facilmente compensar as perdas de impostos nos modelos elétricos com os mais de 13 mil milhões de euros gerados anualmente pela venda destas matérias-primas.

A aparente contradição não afeta o ministro dos transportes norueguês, Ketil Solvik-Olsen, que em entrevista à Bloomberg reconhece que o país fez muito dinheiro com o petróleo e que “sabemos que este produto tem aspetos negativos, mas estamos a tentar levar o mundo para um nível mais alto”. E acrescenta: “Não creio que o mundo não vá precisar de petróleo daqui a dez anos, apenas que talvez ele não seja usado para o transporte.”

À medida que os veículos elétricos crescem, os incentivos deverão diminuir, diz também Solvik-Olsen, respondendo à pressão política exercida pela oposição: “Devemos continuar com estes incentivos durante mais três, quatro, mesmo cinco anos. Mas depois, o mercado já estará implementado.”

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