O Grupo Novo Banco registou no 1º semestre de 2018 um resultado líquido negativo de 231,2 milhões de euros que compara com um prejuízo de 290,3 milhões no período homólogo do ano anterior, o que traduz uma melhoria de cerca de 20%.
“Os resultados no 1º semestre de 2018 tiveram o efeito negativo da anulação de prejuízos fiscais reportáveis no montante de -31,0 milhões, que estavam registados em ativos por impostos diferidos (AIDs), que de acordo com a revisão do plano de negócios não preenchem as condições para serem considerados no ativo do Banco. Isto a par com as ofertas de aquisição e de troca de obrigações subordinadas no segundo trimestre, que tiveram um efeito negativo nos resultados do período no montante de 79,0 milhões, justificam o prejuízo desta dimensão. Sem estes dois efeitos, o Grupo NB teria apresentado um resultado negativo de 121,2 milhões no 1º semestre de 2018”, diz o banco.
A atividade core do banco melhorou. O resultado operacional comercial (margem e comissões) subiu 14,8% para 116,9 milhões contra os 101,8 milhões no período homólogo.
António Ramalho, CEO do Novo Banco, considera que “a performance do Banco no primeiro semestre está em linha com os Planos de Negócios já apresentado aos diversos stakeholders”, sublinhando que “a restruturação do Banco ainda vai exigir tempo e dinheiro”.
O banco realça que está mais sólido, “porque o rácio de capital (total) aumentou 3,6% e atingiu no final do semestre 14,7%, contra 11,1% há um ano, o contacto de liquidez (LCR) situou-se em 138% no final de junho, quando no período homólogo de 2017 estava em 104%, e o rácio de crédito sobre depósitos estabilizou em 87%, e em junho de 2017 ainda estava em 106%”.
Neste segundo trimestre o Novo Banco emitiu obrigações subordinadas Tier 2 no valor de 400 milhões de euros, o que permitiu o aumento do rácio provisório de capital total para 14,7% no final do semestre.
“Esta emissão de obrigações foi efetuada em conjunto com ofertas de aquisição e de troca que permitiram recomprar e extinguir 1.036 milhões em valor nominal, isto é cerca de 30% das obrigações seniores que estavam emitidas no mercado, o que contribui para a melhoria futura da margem financeira. Estas ofertas de aquisição e de troca tiveram contudo um efeito negativo nos resultados do período no montante de 79,0 milhões.
O Novo Banco tem a vicissitude de ter herdado um pesado legado, ao nível dos ativos problemáticos do imobiliário; tem um legado pesado de NPL – Non Performin Loans (vulgo crédito malparado) e tem ainda uma herança de passivos caros que foram emitidos no tempo do BES.
Nas contas semestrais, e quanto à limpeza do balanço, o banco revela que o crédito vencido líquido (NPLs) diminuiu 33% (1/3) em apenas um ano, de 32,1% (em junho de 2017) para 28,7% em junho deste ano.
“No semestre continuou a redução dos NPLs (non-performing loans, crédito não produtivo) cujo rácio continuou a melhorar situando-se nos 28,7% (-3,4% que o homólogo) provisionado em 63,0% (mais 11,8% que no período homólogo). O rácio de NPLs líquido de imparidades desceu de 15,7% em junho de 2017 para 10,6% neste semestre, uma redução de cerca de 33%”, lê-se no comunicado.
“A sinistralidade do crédito não produtivo reduziu-se para 28,7% (30 de junho de 2017: 32,1%; 31 de dezembro de 2017: 30,5%), com a respetiva cobertura por imparidade a aumentar para 63,0% (30 de junho de 2017: 51,2%; 31 de dezembro de 2017: 58,7%).
Neste semestre, as imparidades ascenderam a 248,4 milhões que comparam com o registo de 413,1 milhões no 1º semestre de 2017. A imparidade para crédito totalizou 199,6 milhões de euros face a 258,3 milhões apurados no período homólogo.
“Foi ainda antecipado o encerramento de balcões, que em julho eram já 407, e foram vendidas diversas operações não rentáveis, como Cabo Verde, Venezuela e BES Vénétie”, diz a instituição.
“Finalmente, além da melhoria do resultado operacional comercial em 14,8%, o NB conseguiu ainda reduzir os seus custos operacionais em 7,9%”, diz o comunicado.
“As continuadas políticas de racionalização e otimização de custos levaram à redução de 7,9% dos
custos operativos, tendo reduzido os custos de pessoal em 6,2% e os gastos gerais em 1,8%”, diz o banco.
O Novo Banco diz que está já a reconstruir as bases de uma nova oferta comercial. “Esta nova dinâmica comercial é visível na evolução trimestral da margem financeira – que deverá já inverter para positivo no próximo trimestre – e na evolução das quotas de mercado”.
“No crédito à habitação a quota de produção foi de 13,2%, mais um 1,5 pp desde o início do ano,
o mesmo se passando no crédito pessoal que ganhou quase 0,8 pp de quota desde janeiro para
11,6%”, diz o comunicado.
“Também na área estratégica do NB, as Empresas, o apoio à tesouraria de curto prazo, destacou-se o crescimento homólogo de 25% na carteira de factoring e confirming, assim como o trade finance, o serviço de referência para as empresas exportadoras, a quota de mercado manteve-se em torno dos 22%”, diz a instituição.
Ao nível da atividade, o Grupo reduziu a sua carteira de crédito em cerca de 0,7 mil milhões (-2,2%) face a dezembro de 2017 e -4,7% face ao período homólogo do ano anterior. Esta redução teve especial incidência no crédito não produtivo/non performing loans (-0,8 mil milhões).
Os depósitos de clientes aumentaram 3,9 mil milhões (+15,2%), em termos homólogos, dos quais 1,8 mil milhões resultantes da concretização da operação de LME (Liability Management Exercise) concretizada em outubro de 2017. Face a dezembro de 2017 os depósitos reduziram-se 0,5 mil milhões, diz o Novo Banco.
A instituição diz que quer encerrar a sua sucursal de Londres até final deste ano e está a preparar a venda de ativos imobiliários e de crédito malparado ainda para este ano
A instituição refere no comunicado que “está em curso a preparação de operações de venda de uma carteira de ativos imobiliários não estratégicos e de uma carteira de créditos não produtivos (non-performing loans)”, estimando que as vendas “se possam vir a formalizar até ao final do ano”.
Em notícia no início deste mês, o Jornal Económico avançou que o Novo Banco contratou o Morgan Stanley e a consultora KPMG para vender um portfólio de créditos malparado (NPL – Non Performing Loans), que ainda está a ser definido, soube o Jornal Económico. Em causa estão créditos em incumprimento que serão homogeneizados para a venda. Só nessa altura será definido o valor da carteira de NPL que será posta à venda.
Por fim o banco anunciou que tem os seus rácios de CET1 e Tier 1 protegidos até aos montantes das perdas já verificadas nos ativos protegidos pelo Mecanismo de Capital Contingente. “O montante de compensação a solicitar referente a 2018, terá em conta eventuais perdas (já incorridas ou a incorrer) nos ativos protegidos pelo Mecanismo de Capital Contingente, bem como as exigências regulatórias definidas para o período”, lê-se no comunicado.
O rácio provisório de capital CET1 foi de 13,5% e o rácio provisório de capital total de 14,7%.
A 30 de junho de 2018, o NB “cumpre todos os rácios de capital exigidos pelo Banco Central Europeu (BCE) no âmbito do Processo de Revisão e Avaliação de Supervisão (SREP)”. O banco da Lone Star estima que os requisitos obrigatórios ao nível do capital no âmbito do SREP serão reavaliados pelo BCE no segundo semestre de 2018.
(atualizada)
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