[weglot_switcher]

Novo Banco: Deloitte negou qualquer conflito de interesses na auditoria especial

Em causa estava precisamente o facto de a auditoria especial feita pela Deloitte não referir que a Deloitte Espanha assessorou o Novo Banco na venda da GNB Vida, concluída em 2019 – noticiado então pelo Jornal Económico – aquilo que a bloquista aponta como sendo um “conflito de interesses” da consultora.
21 Abril 2021, 10h06

Auditora refere que um dos trabalhos anteriores realizados de assessoria da GNB Vida foi feito pela empresa em Espanha.
O sócio da Deloitte, João Gomes Ferreira, negou haver qualquer conflito de interesse entre a auditoria especial realizada pela Deloitte e a assessoria da venda da GNB Vida pela Deloitte em Espanha.

Na audição da Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, o sócio da Deloitte João Gomes Ferreira foi questionado pelo deputado do PCP Duarte Alves sobre a auditoria especial feita ao Novo Banco, na qual referem que a consultora realizou “no passado projetos de consultoria de diferente natureza para o BES e para o NB, incluindo ativos abrangidos pelo âmbito do presente trabalho, nomeadamente a GNB Vida”.

“Fizemos a assessoria da GNB Vida, uma firma da própria Deloitte em Espanha e depois efetuamos um conjunto de avaliações pontuais de ativos, três ou quatro, que estão incluídos no trabalho. A conclusão que tivemos relativamente a esses casos foi que eles não representavam um conflito de interesses que impedisse a realização deste trabalho”, respondeu o sócio da Deloitte.

Sobre o papel da empresa na assessoria da venda da GNB Vida, João Gomes Ferreira explicou “o Novo Banco decidiu fazer a venda da GNB Vida através de um processo organizado” e contratou “uma firma membro da Deloitte em Espanha”, sublinhando que as entidades “são independentes entre si e juridicamente autónomas entre si”.

“Para este efeito, uma vez que se tratava de entidades que operavam em Portugal, a Deloitte Espanha solicitou a uma firma da Deloitte Portugal a participação de um conjunto de profissionais nossos que deram apoio a tarefas a nível local”, explicou.

De acordo com o responsável da Deloitte, dos profissionais que trabalharam nessa assessoria houve apenas um que esteve envolvido também na auditoria ao Novo Banco, o sócio Joaquim Paulo.

“A auditoria especial envolveu mais de 70 pessoas. Envolveu oito sócios revisores oficiais de contas no processo. Esse sócio em concreto é a única pessoa da equipa, dos 70 e muitos, que teve participação nesse processo”, detalhou.

No entanto, de acordo com João Gomes Ferreira, o trabalho da auditoria especial foi dividido em blocos.

“Esta operação estava no bloco 2 e, portanto, a pessoa em questão não participou no trabalho desse bloco 2”, assegurou.

Em setembro do ano passado, o BE considerou que a auditoria ao Novo Banco estava “ferida de morte” e não garantia “seriedade, rigor e independência” devido ao “conflito de interesses” da Deloitte, apelando ao Presidente da República e ao Governo que a considerassem nula.

Em causa estava precisamente o facto de a auditoria especial feita pela Deloitte não referir que a Deloitte Espanha assessorou o Novo Banco na venda da GNB Vida, concluída em 2019 – noticiado então pelo Jornal Económico – aquilo que a bloquista aponta como sendo um “conflito de interesses” da consultora.

No dia seguinte, a consultora Deloitte afirmou que cumpre a lei e que “as partes interessadas foram informadas sobre a existência de trabalhos desenvolvidos no passado para o BES e Novo Banco”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.