Novo Banco não consegue comprador para as cinco propriedades rústicas do devedor que é sogro do Richard Gere

O leilão para tentar encontrar um ou mais compradores para cinco propriedades rústicas de Ignacio Silva Botas ficou completamente deserto, o que não é uma boa notícia para o Novo Banco em Espanha que contava com a venda destas propriedades para recuperar o malparado deixado pelo empresário espanhol. A notícia foi avançada pelo “El Confidencial” e confirmada pelo Jornal Económico (JE).

Recorde-se que o Novo Banco herdou do BES um crédito incobrável de 24 milhões de euros de Ignacio Silva Botas, sogro do actor norte-americano Richard Gere e que foi vice-presidente do Real Madrid durante a presidência de Lorenzo Sanz, entre 1995 e 2000.

A fim de cobrar esta dívida, o Novo Banco recorreu ao 31º Tribunal de Primeira Instância de Madrid que desencadeou um processo de execução hipotecária que culminou com o leilão de cinco das propriedades do devedor a fim de liquidar a dívida ao banco, as quais incluem duas casas no centro de Madrid e uma no município de Pozuelo de Alarcón, também em Madrid, bem como várias propriedades em Villarejo de Montalbán e Carpio de Tajo, em Toledo.

Mas o leilão convocado pelo Tribunal de Primeira Instância Número 31 de Madrid para tentar encontrar um ou mais compradores para cinco propriedades rústicas de Ignacio Silva Boots, que decorreu há cerca de dois meses, ficou completamente deserto. Nenhum dos cinco lotes postos a leilão recebeu qualquer oferta, relatou o “El Confidencial”.

A sucursal do Novo Banco em Espanha está em processo de venda ao Abanca estando previsto o closing para o próximo mês de novembro, apurou o JE.

O pai da mulher do actor do filme “Oficial e Cavalheiro” deixou um “buraco” de 24 milhões de euros no Novo Banco em Espanha e a venda em leilão permitiria o reembolso da dívida.  Já que as propriedades que foram a leilão estão avaliadas em 51,34 milhões, valor que supera o crédito malparado do empresário.

Em meados de junho deste ano o Tribunal de Primeira Instância nº 31 de Madrid retomou o leilão que havia sido suspenso em setembro do ano passado no âmbito de um processo de execução hipotecária instaurado pelo Novo Banco. O insucesso do leilão deveu-se à falta de interessados ​​em ficar com algum dos imóveis rústicos avaliados na sua totalidade em 51,34 milhões de euros, segundo o “El Confidencial”.

As propriedades estão localizadas em vários enclaves da província de Toledo —Villarejo de Montalbán e Carpio de Tajo— e estão registadas em nome de uma das empresas de Ignacio Silva Botas, a Agropecuaria Madrigal, dedicada à produção agropecuária. Cada uma delas foi a leilão em lotes separados.

O jornal online espanhol diz que foram a leilão os lotes 1 e 3 que eram duas herdades de 687 hectares cada, ambas denominadas Madrigal de Abajo, no município de Carpio de Tajo e Villarejo de Montalbán – nelas se encontrava a herdade da família. Foram a leilão por 13,4 milhões de euros. Os lotes 2 e 4 eram dois montados denominadas Madrigal Arriba Alto, nos termos de Villarejo de Montalbán e Carpio de Tajo, com 581 hectares cada. Foram leiloados por 10,7 milhões. O último lote, o 5, era uma quinta chamada El Quintillo, de 177 hectares, que foi arrematada por pouco mais de três milhões de euros.

No entanto, como o leilão foi abandonado, e de acordo com o art. 671 da Lei de Processo Civil espanhola, caso não haja licitante no leilão, “o credor poderá, no prazo de vinte dias após o encerramento do leilão, requerer a adjudicação do imóvel. E se não for a residência habitual do devedor, o credor pode pedir a adjudicação por 50% do valor pelo qual o bem teria sido posto em leilão ou pelo valor que lhe é devido por todos os conceitos”.

Mas qual é a origem dessa dívida? O empresário espanhol cuja filha casou com Richard Gere em 2018 solicitou ao Banco Espírito Santo um empréstimo no valor de 27 milhões de euros e assinou uma garantia no valor máximo de 7,5 milhões de euros, com prazo de vencimento indeterminado. O BES Espanha concedeu-lhe este empréstimo “com carácter de operação de cobertura do mercado hipotecário”, ao passo que Ignacio Silva se ofereceu para completar “a sua responsabilidade solidária” dando como colateral vários imóveis, incluindo várias quintas da propriedade da Agropecuaria Madrigal. Além de três casas localizadas nas ruas Velázquez e José Abascal em Madrid e um chalé em Pozuelo de Alarcón. Estas três últimas propriedades foram a leilão em março passado e, ao contrário das fazendas de Toledo, o leilão foi levado adiante e foram feitas licitações para todas elas: no total, cerca de três milhões de euros, contra quase 10 milhões que esperava obter, de acordo com o preço definido no leilão para cada um desses imóveis. O empresário já perdeu três casas em Madrid num leilão anterior. Porém, não foi com essas casas (Velázquez, José Abascal e Pozuelo) que o Novo Banco conseguiu obter receitas suficientes para pagar a dívida total. O banco contava com com o leilão de propriedades rústicas que ficou deserto.

Ignacio Silva Botas tinha um empréstimo assinado com o Banco Espírito Santo, agora Novo Banco, que obrigava o empresário a devolver 34,5 milhões de euros de capital do empréstimo concedido e dois milhões acordados para custos e despesas.

O Novo Banco tem no seu balanço 808 milhões de euros de imóveis para vender, revelou fonte do banco.