A economia é um pouco como a aviação. Às vezes voamos tranquilos e com grande visibilidade. Noutros dias, a previsibilidade é menor e podem formar-se tempestades de forma rápida ou aparecer um poço de ar quando menos se espera.

Ilustremos: No início do ano 2020, as perspetivas económicas eram francamente positivas. Todos os indicadores avançados apontavam para mais um ano de crescimento económico, em parte à boleia da China e também como consequência dos estímulos dos bancos centrais. Inesperadamente, chegou a pandemia e um período de encerramento abrupto e forçado.

Nessa altura voltou a ser fácil prever: iríamos ter uma fortíssima recessão, tão longa quanto mais profundo e prolongado fossem os confinamentos. Mas também era simples fazer outra previsão acertada: a junção dos estímulos fiscais e governamentais iriam, a par da reabertura, promover uma recuperação económica e criação de emprego de proporções épicas. E assim foi.

Eis-nos chegados a um novo ciclo, novamente mais difícil de prever. Apesar de estarmos ainda inebriados com as maravilhas da reabertura, há sinais preocupantes para quem os quiser ver. As economias líderes, China e EUA, dão sinais de abrandamento. As subidas dos preços da energia já provocaram encerramentos que são, em si mesmo, destruição de produto.

Alguns bancos centrais estão a reduzir estímulos ou mesmo a reduzir os juros. As dificuldades logísticas impedem a continuidade do mundo “just in time” e podem mesmo resultar num excesso de oferta, tendo em conta todas as mercadorias que estão em trânsito, num contexto de redução de estímulos fiscais e subsídios. Os mercados financeiros mostram receio, tentando precificar um abrandamento.

As previsões oficiais continuam a ser muito otimistas para 2022, mas os primeiros sinais acerca do novo ciclo não são tão encorajadores.