A formação de um Governo de coligação em Itália, com um acordo entre o Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrático, deixa as agências de rating mais confortáveis com o risco do país. Mas a longevidade desta solução gera dúvidas, tal como a sua capacidade de dinamizar o crescimento económico.
Numa análise sobre a solução governativa italiana que tomou posse na última quinta-feira, a americana S&P considera positivo que a formação de um novo Executivo liderado por Giuseppe Conte afaste o cenário de eleições, que reduziriam ainda mais “o tempo já limitado para negociar e aprovar o Orçamento do Estado para 2020”.
A agência frisa ainda que há a possibilidade de Itália negociar metas orçamentais mais flexíveis com a União Europeia (UE), em troca de compromissos em “reformas estruturais” que impulsionem o crescimento. Isso poderá “melhorar a coordenação entre a Itália e as instituições da UE nas principais políticas orçamentárias e estruturais”.
E, se essa mudança de política se concretizar, a S&P admite melhorar a avaliação de risco de crédito de Itália, assumindo que a coligação consegue cumprir todo o mandato parlamentar, até 2023.
A canadiana DBRS, que também publicou uma nota sobre Itália, salienta igualmente que o novo Executivo será “provavelmente mais pró-europeu” do que a anterior coligação – onde sobressaía a direita mais extrema da Liga -, o que “aumenta a probabilidade de um relacionamento mais construtivo com a UE em relação ao orçamento”.
Contudo, esta agência deixa também alertas quanto ao futuro mais longínquo. Embora o novo Governo ofereça estabilidade política de curto prazo, o crónico baixo crescimento do país “pode permanecer sem solução”.
Para a DBRS, uma política orçamental baseada na continuação de políticas redistributivas quando a economia está estagnada “provavelmente não melhorará o crescimento do PIB de Itália”, e a estagnação económica é um problema de “longa data” que tem pressionado o rating do país.
Por último, a DBRS sublinha que, do ponto de vista político, a estabilidade não está garantida a longo prazo, já que “a maioria muito limitada no Senado e as divisões internas entre e dentro dos partidos podem limitar a longevidade do governo”.
“A nova formação do governo é positiva para a estabilidade política no curto prazo. A longo prazo, a possibilidade de aprovação de uma nova lei eleitoral mais proporcional, bem como a eleição do Presidente da República em 2022, pode ser um impedimento fundamental para a dissolução da coligação”, alerta Carlo Capuano, vice-presidente da DBRS responsável pelos ratings soberanos.
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