O Novobanco reportou lucros de 743,1 milhões de euros em 2023 a subirem 32,5% face ao ano anterior. Com uma rentabilidade dos capitais próprios tangíveis (ROTE) de 20,4%.
A Margem Financeira ascendeu a 1.142,6 milhões de euros, mais 83% face aos 625,5 milhões de euros, um ano antes, em resultado, do “ambiente favorável das taxas de juro, e da gestão criteriosa das taxas de juro dos ativos e do custo de financiamento”.
As comissões somaram 296,1 milhões, o que traduz um aumento de 0,9% face a 2022, com o impacto das alterações legislativas a condicionarem, em parte, a evolução positiva deste agregado.
Os resultados de operações financeiras foram positivos em 14,7 milhões, incluindo uma perda líquida de 12 milhões de euros com a
alienação de títulos parcialmente compensada por ganhos excecionais com cambiais e coberturas. “As reservas de justo valor da carteira de títulos registaram um aumento de 37,9 milhões durante o ano de 2023”, lê-se no comunicado.
Os outros resultados de exploração foram negativos em -11,2 milhões, e representam uma queda de 194,7 milhões de euros em comparação com o período homólogo, o qual incluía um ganho de 148,6 milhões com a venda de ativos imobiliários (edifício da sede e portfolio de imóveis de logística).
“Os outros resultados de exploração em 2023 incluem o custo com o pagamento do compromisso irrevogável do Fundo Garantia de Depósitos (56,1 milhões), a contribuição anual para o Fundo Único de Resolução (15,0 milhões) e para o Fundo de Resolução Nacional (7,1 milhões), ganhos com a recuperação de crédito (30,3 milhões) e a alienação de imóveis (35,6 milhões)”, refere o banco.
Portanto a subida dos lucros decorre da melhoria do produto bancário de 28,0% para 1.442,3 milhões, apesar dos custos operativos terem aumentado 6,9% (+6,2% excluindo os itens de natureza excecional) para 479,2 milhões e da normalização do nível de provisionamento.
As imparidades para crédito subiram 217% para 109,4 milhões, sendo que o total das imparidades e provisões aumentou 56,3% para 173,8 milhões.
O rácio de eficiênca (cost-to-income) melhorou para 33,2% (era 39,8% um ano antes).
“Em 2023 o banco apresentou um conjunto de fortes resultados, superando todas as metas financeiras, e evidenciando um consistente histórico de execução e entrega. O Novobanco foi também reconhecido pelas agências de rating, com um upgrade de 7 notches da Moody’s em 2 anos, alcançando Investment Grade pela Fitch, e tendo sido considerado o Banco do Ano1 em Portugal. Mantemo-nos focados nos nossos clientes e bem posicionados para satisfazer as suas necessidades financeiras, suportados por um balanço sólido”, realça Mark Bourke, CEO, citado no comunicado.
O último trimestre de 2023 foi penalizado pelo pagamento do compromisso irrevogável do Fundo Garantia de Depósitos (56,0 milhões), sem impacto em capital); pela perda na alienação de títulos parcialmente compensada por ganhos excecionais com cambiais e coberturas (30,6 milhões); e pela constituição da provisão relativa à tributação dos imóveis introduzida pela Lei do Orçamento de Estado de 2021, de 30 milhões de euros, à semelhança do que ocorreu nos últimos trimestres de 2021 e 2022 (em 2021 foi 116 milhões e em 2022 foi 57 milhões).
No quarto trimestre os resultados foram de 104,6 milhões, o que traduz uma queda de -60,6% face ao terceiro trimestre, com o produto bancário a recuar 17% para 340,2 milhões.
No último trimestre do ano, os resultados de operações financeiras incluem uma perda na alienação de títulos “parcialmente compensada por ganhos excecionais com cambiais e coberturas (30,6 milhões), reduzindo as perdas potenciais da carteira de custo amortizado para 105 milhões (líquido de coberturas e impostos)”.
Recorde-se que foi em dezembro que o Governo, através do IGCP, comprou obrigações do tesouro detidas pelos bancos, o que permitiu reduzir o rácio de dívida pública sobre o PIB para 98,7%.
O Novobanco regista uma redução de 130 milhões de euros na carteira de dívida pública portuguesa em 2023 para 851 milhões.
O Novobanco revela que o rácio CET 1 fully loaded apresentou um aumento de cerca de 500 pb face a dezembro de 2022 para 18,2% enquanto o rácio de solvabilidade subiu cerca de 560 pb para 21,0%.
O banco mantém as disputas judiciais com o Fundo de Resolução sobre os montantes da chamada de capital ao mecanismo de capitalização contingente (CCA) que foram rejeitadas.
O Novobanco considera os montantes não pagos relativos ao ano de 2020 e 2021 devidos ao abrigo do CCA, tendo despoletado os mecanismos legais e contratuais à sua disposição no sentido de assegurar o seu recebimento.
No que respeita ao valor solicitado ao Fundo de Resolução relativo ao exercício de 2020, subsistem duas divergências, entre o banco e o Fundo de Resolução, relativamente à provisão constituída para operações descontinuadas em Espanha e à valorização de unidades de participação dos fundos de reestruturação, que estão a ser dirimidas num processo arbitral em curso, no âmbito do qual está ainda a ser apreciada a divergência relativa à aplicação pelo Novobanco, no final de 2020, da opção dinâmica do regime transitório da IFRS 9.
“Um montante adicional de até 485 milhões de euros continua disponível para perdas reconhecidas numa carteira predefinida de activos (os chamados activos CCA) e outras perdas cobertas pelo CCA, caso o rácio CET1 desça abaixo de 12%.
O mecanismo está em vigor até 25 de dezembro, (data de vencimento da CCA), data essa que pode ser prorrogada, sob certas condições, por mais um ano. ano adicional.
O Novobanco esclareceu aos analistas que “até à Data de Vencimento da CCA (ou até ao seu termo antecipado, que exigiria acordo mútuo entre as partes), o banco está sujeito a uma proibição de distribuição de dividendos e os activos CCA estão sujeitos a um contrato de gestão com o FdR.
No balanço o crédito a clientes (bruto) totalizou 25,5 mil milhões (caindo 0,5% face a 2022), dos quais 54% concedido a empresas (56% em 2022), 40% foi crédito habitação (39% um ano antes) e 6% de crédito ao consumo e outros.
No exercício de 2023, a originação de crédito a ascendeu a 3,5 mil milhões de euros (menos que em 2022: 3,9 mil milhões de euros), dos quais 48% a empresas, 40% de crédito habitação e 12% de crédito ao consumo e outros.
No que toca ao rácio de sinistralidade do crédito, o Novobanco melhorou de 5,4% para 4,4% em 2023 o rácio de NPL, sendo a cobertura por imparidades de 84,3% (equivalente ao rácio de NPL líquido reduzido de 1,3% para 0,7%).
O banco fala de um progresso adicional nas alienações de imóveis (-25% de redução homóloga). As novas alienações de imóveis em 2023 diminuiram a exposição ao sector Real Estate para 460 milhões de euros com 35,6 milhões de euros de ganhos para o banco. Destes 460 milhões o valor líquidos dos imóveis recebidos em dação é de 64 milhões de euros.
O custo do risco de crédito ficou abaixo de 50 pontos base (48 pb), abaixo do guidance. O banco destaca a redução da exposição ao crédito com imparidade, conhecido por Stage 3 (-1 pp), com a cobertura total a aumentar 11 pp face ao ano anterior.
Por fim o rácio de liquidez Liquidity Coverage Ratio (LCR) fixou-se em 163% e o Net Stable Funding Ratio (NSFR) em 118%. Cerca de 40% do crédito em stage 3 (valor bruto) está ao abrigo CCA; sem direitos de servicing, segundo a apresentação feita pelo CEO aos analistas.
O crédito classificado em Stage 3 soma no fim do ano passado 1,1 mil milhões de euros, destes 31% são pequenos devedores (granular) e a maioria são os grandes devedores (single names). O valor líquido de imparidades é de 600 milhões.
“Os créditos não produtivos (NPL) apresentam uma redução de 17,7% face a dezembro de 2022 situando-se em 1.133 milhões de euros. Excluindo as disponibilidades e aplicações em instituições de crédito, o rácio líquido NPL situou-se em 0,7% e o rácio de NPL em 4,4%, com um nível de cobertura de 84,3%. Incluindo as disponibilidades e aplicações em instituições de crédito, o rácio líquido de NPL foi de 0,6% e o rácio de NPL de 3,6%”, refere o comunicado.
Em dezembro de 2023, a exposição do Novobanco a ativos imobiliários decresceu 15% face ao período homólogo, para 460,1 milhões representando 1,1% do total dos ativos do banco. “A redução anual reflete as alienações efetuadas ao longo do ano, com as mais valias (35,6 milhões) registadas em Outros Resultados de Exploração”, acrescenta.
O banco captou recursos totais de clientes no total de 34,9 mil milhões, em linha (+0,2%) com o ano anterios, com os depósitos a situarem-se em 28,1 mil milhões. “Este desempenho reflete-se no crescimento da quota de mercado dos depósitos para 9,7% em novembro de 2023 (acima dos 9,3% em 2022)”, revela o Novobanco.
O rácio de transformação de depósitos em crédito é de 81,2%.
(atualizada dia 3 de fevereiro)
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com