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Novonor é o novo nome do gigante brasileiro Odebrecht

“A marca Novonor pretende aludir a uma inspiração futura”, segundo o comunicado do gigante brasileiro envolvido no escândalo Lava Jato que, sublinha, a alteração de nome “não é uma tentativa de apagar o passado”.
18 Dezembro 2020, 19h14

Novonor é o novo nome do gigante brasileiro baiano Odebrecht e a decisão de alterar a designação societária coincidiu com a tradicional reunião anual de trabalhadores, comunicada aos funcionários pela internet, com declarações do representante da família que domina este grupo, Maurício Odebrecht.

A marca Novonor pretende aludir a uma inspiração futura. O comunicado que informa esta decisão explica que a alteração de nome “não é uma tentativa de apagar o passado”. “Não estamos apagando o passado. O passado não se apaga. Passado é exatamente o que ele é – passado. Depois de tudo o que promovemos de mudanças e de correção de rumos, estamos agora olhando para o que queremos ser: uma empresa inspirada no futuro”, refere um comunicado do gigante brasileiro do sector da construção e obras públicas.

Trata-se de uma das empresas brasileiras – com dimensão de multinacional – mais envolvidas nas investigações do escândalo Lava Jato, com ligações a tecnocratas relacionados com o antigo presidente brasileiro Lula da Silva. A Odebrecht ressentiu-se na sua atividade corrente com as implicações na Operação Lava Jato e durante os últimos meses tem permanecido ao abrigo de um plano de recuperação judicial. A construtora estabeleceu um acordo de cooperação com a equipa designada como “força-tarefa de Curitiba” e dezenas dos seus executivos pactuaram no âmbito do regime da delação premiada, incluindo o seu responsável máximo, Marcelo Odebrecht.

A companhia sublinha que “a troca de nome é o ‘ponto culminante’ da transformação realizada nos últimos cinco anos”, em que reformulou “processos internos e os métodos de atuação, rigorosamente pautados pela ética, integridade e transparência”. Em julho, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo aprovou o plano de recuperação judicial do Grupo Odebrecht, que já tinha sido solicitado em 2019, atendendo ao volume total das suas dívidas, que ascende a 65,5 biliões de reais (cerca de 10,46 mil milhões de euros)

As ramificações internacionais da Operação Laja Jato são múltiplas, envolvendo empresários de topo de vários países, incluindo Portugal. Mais recentemente, o empresário José Carlos Lavouras, com dupla nacionalidade, portuguesa e brasileira, referido no âmbito da Operação Lava Jato, que tinha saído do Brasil antes das autoridades brasileiras terem conseguido concretizar a sua prisão, foi identificado em Portugal por um jornalista da Rede Globo, residindo no Porto. José Carlos Lavouras é conhecido no Brasil como o “chefe da máfia dos ónibus do Rio de Janeiro” por ter estado cerca de 30 anos no conselho da Fetranspor – Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro, que agrupa dez sindicatos. Em Portugal, no Porto, utiliza sempre viaturas com motorista nas suas deslocações pessoais, sendo associado a atividades com algumas conhecidas empresas do norte de Portugal.

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