A atual situação da saúde pública no nosso país é extremamente preocupante. No momento em que escrevo ultrapassámos, pela primeira vez, os duzentos mortos diários e estamos há vários dias acima dos dez mil novos casos positivos. Esta é uma situação sem precedentes, onde não podemos perder o humanismo.

Não devemos esquecer que por detrás de cada número existe uma história e uma vida. Existe uma família e os que choram a perda do seu ente querido. Não devemos nem podemos banalizar as estatísticas. Enquanto sociedade não devemos esquecer os valores básicos do humanismo. Uma morte não pode e menos ainda deve ser uma mera estatística.

Não sou epidemiologista. Não vou ser um dos muitos que teorizam sobre a melhor estratégia de confinamento. Deixo isso para quem sabe. À ciência o que é da ciência. À política o que é da política. E, nestes domínios, a tomada de decisão deve ser alicerçada nos dados que os cientistas apresentam. Devemos ter confiança total nas autoridades de saúde e reconhecer a resiliência que têm demonstrado ao longo deste percurso de praticamente um ano de pandemia, onde o inimigo invisível é hoje mais conhecido, mas com novas estirpes mais contagiosas.

Neste que é o mais complexo momento da pandemia, é certamente o momento de sublinhar o trabalho dos profissionais de saúde, mas também de todos os profissionais essenciais de todos os setores que, num novo confinamento geral, vão continuar a ser fundamentais para o país. Todos são basilares neste momento.

O difícil equilíbrio entre economia e saúde é crucial. Só a resolução do problema da saúde pode permitir a solução da economia. O Estado deve apoiar os setores económicos encerrados por decreto governamental e também deve apoiar aqueles que sofreram uma redução substancial da sua atividade. Sei que será impossível evitar que a atual crise não tenha impactos, mas a verdade é que os mesmos devem ser minorados.

Esta circunstância obriga o Governo a adotar medidas de grande impacto como o lay-off simplicado e apoio à retoma, que possibilita ter os salários atualmente pagos a 100%. Isto para além de reabertura de créditos com garantia do Estado, apoios a fundo perdido e apoios à renda, que já foram aprovados na Assembleia da República. E, neste contexto, é igualmente crucial o Plano de Recuperação e Resiliência a nível europeu.

Os dias que vivemos obrigam a uma responsabilidade individual e coletiva. Mas, com confiança, iremos ultrapassar mais este momento extremamente desafiador. O que é importante, nesta hora, é a responsabilidade individual e coletiva, e confiar nas nossas autoridades de saúde.