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Nuno Rodrigues: “Interação do aluno com o professor é fundamental”

Coordenador do programa INCoDe.2030 levantou no Web Talk “Educação”, promovido pelo Jornal Económico e pela Huawei, a questão do que é que está a ser ensinado no domínio do digital, considerando que talvez esteja na altura de repensar o tema.
14 Julho 2020, 11h30

A questão tem duas dimensões: o que é que se ensina e como é que se ensina – afirmou Nuno Rodrigues, coordenador do programa de competências digitais INCoDe.2030 na Web Talk “Educação”, promovida pelo Jornal Económico e Huawei, sobre os novos desafios tecnológicos que se colocam à educação, esta terça-feira, em que defendeu que não se trata apenas do acesso aos equipamentos, é preciso saber fazê-lo de forma construtiva e criativa, visando criar competências nos alunos.

No como, isto é, na forma de ensinar trata-se sobretudo de “tentar encontrar o equilíbrio” entre a interação pessoal e os métodos de ensino à distância: “Se há aulas teóricas que podem perfeitamente ser passadas para métodos a distância, ou até com gravação prévia dessas mesmas aulas, há muitos outros elementos, que muitas vezes não são referidos e que têm que ver com a interação do aluno com o professor fora da sala de aula, que são fundamentais, têm que ver com a experiência como os alunos veem o mundo, como olham a sua disciplina e a relação da sua disciplina com aproximação a um conjunto de problemas…”

Nuno Rodrigues virou depois a sua análise para o quê, para o que se ensina, focando-se no domínio do digital, tema em cima da mesa nesta conferência. Explicou que é um domínio complexo, na medida em que se trata de um conjunto de elementos de software, tecnologias, equipamentos, toda uma panóplia, mas que, na verdade, não é muito diferente das outras disciplinas que sempre tiveram ferramentas com as quais o ensino é ministrado. No entanto – afirmou – “nenhum outro domínio se foca nas ferramentas”. Na disciplina de Biologia, por exemplo, não se dão os últimos modelos de microscópio ou dos modelos de sismógrafo ou voltímetro. Em Biologia, como na generalidade das disciplinas, “são dadas as bases seculares daquilo que é o ensino e que são as práticas fundamentais, o conhecimento fundamental que depois há-de ter aplicação“.

“As ferramentas são relevantes, mas temos aqui um domínio que é absolutamente importante do ponto de vista desses conteúdos fundamentais. Isso no digital também acontece, no entanto, não temos muitas vezes essa prática e passamos rapidamente para as aplicações, para aquilo que é o software, que são as tecnologias, as folhas de cálculo, os Exceis e por aí fora”, explicou, salientando: “Não tenho nada contra, obviamente, mas se calhar devíamos repensar um modelo de conteúdos mais fundamentais (…) Como é que nós analisamos, como é que nós representamos e abstraímos  informação complexa do mundo em que vivemos, como é que raciocinamos sobre esses modelos e como é que, depois, os concretizamos em soluções do mundo real”.

No fundo, acrescentou, estamos no domínio das ciências da computação e de algumas disciplinas afins sobre as quais devíamos ter também um debate bastante informado como é que devem entrar na educação.

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