O crescimento económico de um país decorre tipicamente em três fases. Na primeira fase, é necessário investir em infraestruturas que permitam o desenvolvimento, seguido por uma fase de investimento em tecnologia. Uma vez atingindo estas duas fases, o crescimento económico depende da capacidade de inovação, a qual possibilita a criação de novos produtos, modelos de negócio e instituições, que substituem os antigos num processo de “destruição criativa” fundamental para o crescimento económico.

Uma forma comum de medir inovação é através do número de pedidos de patentes. Em 2022, Portugal registou 30,1 pedidos de patentes por milhão de habitantes (Instituto Europeu de Patentes). Apesar do número de pedidos de patentes terem vindo a aumentar na última década, este número é significativamente inferior a muitos países da zona Euro. A título de exemplo, em 2022, a Irlanda, França, e Itália registaram 225,3, 160,7 e 82,5 candidaturas por milhão de habitantes, respetivamente, o que indica que Portugal tem ainda muito espaço para crescer.

Mas como se deve promover a inovação? As políticas de fomento de inovação focam-se frequentemente na escolha de sectores tecnológicos em que se deve investir, mas são as pessoas, individualmente ou em equipa, que desenvolvem as ideias que levam à inovação, seja em empresas privadas, instituições públicas, ou universidades. Este facto leva naturalmente à questão: quem se torna inventor? É esta questão que um estudo dos investigadores Bell, Chetty, Jaravel, Petkova, e Van Reenen procura responder.

Considerando um inventor uma pessoa que é detentora de pelo menos uma patente, este estudo sobre inventores nos Estados Unidos da América mostra que crianças nascidas em famílias com menores rendimentos e educação, e pessoas do sexo feminino ou pertencendo a minorias étnicas têm uma probabilidade significativamente inferior de se tornarem inventoras.

Os autores mostram que as razões para estes padrões não são de natureza genética, mas resultam do ambiente em que as crianças são educadas. De forma metódica, o estudo estabelece que a exposição a inventores na família ou bairro durante a infância aumenta a propensão de se tornar inventor. Nomeadamente, a probabilidade de ser inventor aumenta se a criança mudar de um bairro em que há pouca densidade de inventores para um com maior densidade mais cedo na infância. Sumarizando, os inventores não nascem, fazem-se!

Uma implicação destes resultados é que há um reservatório de talentos não explorados—há Einsteins e Marie Curies por descobrir entre nós! Por outro lado, os resultados sugerem que aumentando a exposição à inovação, conseguiremos elevar o taxa de inovação, tanto de mulheres e crianças de famílias menos privilegiadas, como de homens. Para esse fim, o investimento em educação, nomeadamente no ensino superior e em áreas que produzem mais patentes, deve ser reforçado, assim como a exposição dos alunos a diferentes tipos de carreiras que geram inovação.

A captação de inventores de outras partes do mundo poderá também servir de motor para aumentar a exposição à inovação, como demonstrado num estudo recente de Moser e San sobre o impacto de quotas à imigração nos EUA na década de 1920. Estas quotas foram implementadas para reduzir a entrada de imigrantes de Leste e Sul Europeu, vistos como tendo baixas qualificações. O resultado desta política foi a redução do número de patentes produzidas por cientistas americanos. A imigração é, portanto, um importante pilar da inovação.

A capacidade de inovação de um país é essencial para o seu crescimento económico. E uma forma importante de estimular a inovação é investir no talento humano. Isto significa investir em educação, criar condições para que se gerem e desenvolvam ideias, atrair e reter capital humano português e de outras partes do mundo.