A tragédia vivida em Marrocos ocultou por completo o fim-de-semana de rentrées previsto por alguns partidos. E o que mais precisava de aparecer era o CDS, sendo que mantê-lo à tona da agenda mediática é uma das tarefas mais importantes do seu líder, sobretudo quando neste momento não tem representação parlamentar.
À chamada, dos anteriores líderes vivos, só faltaram José Ribeiro e Castro e Francisco Rodrigues dos Santos. Ora, reunir Assunção Cristas, Paulo Portas e Manuel Monteiro faria, noutros tempos, as delícias da imprensa e televisão. António Lobo Xavier encarregou-se da nova Carta de Princípios, com a defesa do Estado Social na sua essência, algo profundamente arreigado nos primórdios da democracia-cristã em Portugal, ungida por Freitas do Amaral e Amaro da Costa. Foi um “back to basics” mais arejado e moderno.
Nuno Melo tem o mérito de estar a lutar para fazer renascer o CDS, uma marca registada fundacional do nosso regime pós-25 de Abril, bem como a de um partido de quadros qualificados. Contudo, o primeiro desafio é ser reeleito deputado europeu, o que se afigura complicado com a pulverização do espectro partidário à direita.
O CDS não morreu, porém, os próximos meses ditarão se está a passar pelo último fôlego ou se ganhou nova energia e volta a ser um partido sexy, como sentenciou um dia António Pires de Lima.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.