Rui Rio pretende romper com o passado e alterar a forma como o PSD faz oposição. Há vontade de negociar com o PS e, consequentemente, de uma aproximação a António Costa.
A estratégia do novo líder social-democrata parece envolver a criação de uma espécie de bloco central para fazer zarpar BE e PCP e, desta forma, provocar o desconchavar da gerigonça. Assim, o destino do Governo socialista transitaria automaticamente para as suas mãos e quando chegasse o momento certo (após conquistar a imagem de estadista e de homem dos consensos) afastaria então da ribalta o líder do PS.
Mas este não é o cenário mais provável, uma vez que do outro lado da barricada também se encontra um político hábil e experiente. O mesmo é dizer que os socialistas irão concertar previamente as suas posições com bloquistas e comunistas antes de fechar qualquer acordo com o PSD. Ninguém no seu perfeito juízo imagina Costa a desagrilhoar Catarina e Jerónimo e, de seguida, lançar-se no colo de quem lhe quer precisamente “roubar” o lugar de primeiro-ministro.
A realidade é que, com a brincadeira, o PSD poderá estar a correr dois riscos óbvios: 1) transformar-se em mais uma muleta do Governo socialista juntando-se a BE e PCP; 2) legitimar o CDS como o único representante dos eleitores da extinta “PàF” (o que não é coisa pouca, tendo em conta que foi esta a força que venceu as últimas eleições legislativas). À primeira vista, a estratégia de Rio parece um “cocktail explosivo” com potencial para danificar o seu próprio partido.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.