Primeiros dias do ano, a hora do charlatanismo quando os que sabem tudo, menos o que lhes vai acontecer a eles, predizem o futuro da Humanidade a curto prazo. Ou a longo prazo, como Nostradamus, nascido em 1503 em França e que nos deixou um livro com 932 poemas de quatro linhas que antevia tudo até ao ano 3797, incluindo a ascensão de Hitler, o assassínio de Kennedy e o 11 de setembro.

Para os mais céticos, diga-se que em pleno século XVI não era fácil escrever sobre o telefone ou o computador. Ninguém estará à espera que ele soubesse que o primeiro nome de Hitler era Adolf ou que Kennedy se escreve com dois “n”. Os seus escritos são enigmáticos e deixam muito espaço à interpretação, o que torna difícil saber se quem adivinha é Nostradamus ou o seu intérprete e se são previsões ou pósvisões. Mas cá vai o que se diz que ele disse para 2021.

Para ele veríamos chegar uma grande praga, um monstro pestilento que atingiria o mundo todo; alguns veem aqui o Coronavírus. Mais, o Mundo será atingido por uma fome catastrófica; ora, as Nações Unidas avisaram que a crise resultante do Covid-19 poderá originar uma fome global. Até aqui as coisas batem certo, Nostradamus previu o imprevisível. Mais complicado, vai haver uma grande calamidade nas terras do Oeste, que é interpretado como um terramoto nos EUA (não me parece difícil, atendendo à falha de S. Francisco), e vamos ter uma terceira grande guerra após a morte de um grande líder (Putin?). Vamos ver.

Num registo mais contemporâneo, Vangelia Gushterova, vulgo Baba Vanga, a vidente das Balcãs que morreu em 1996, também fez revelações sobre 2021. Ficou cega aos 12 anos, mas foi quando começou a ver. A mulher previu o fim da URSS, o desastre de Chernobyl e a morte de Diana, entre outros. Pois disse ela que 2021 é o ano da descoberta da cura para o cancro e que o 45º presidente dos EUA padecerá de uma doença que o deixará surdo e com lesões cerebrais – grande coisa, isso já sabemos, Trump é surdo e não regula bem, não é preciso doença nenhuma.

Em videntes, a minha preferência vai para a inglesa Jemima Packington, a “vegetariana mística” que lê o futuro a lançar espargos. Ela antevê para 2021 um regresso em junho ao “novo normal” depois do coronavírus e uma separação num dos casais reais; as férias no estrangeiro tornar-se-ão raras, haverá mais tempestades e Gus vai ser um nome frequente para os bebés britânicos. O que eu gosto nas previsões dela é que se não derem certo, sempre podemos comer os espargos.

Confesso que não tenho grande respeito pelos videntes. Se fossem mesmo bons, não precisavam de vender previsões para ganhar a vida. Àqueles que acham que digo isto por inveja, aqui vão as minhas previsões para 2021: vai continuar a haver geringonça, ninguém calará a voz de André Ventura, Joacine continuará gaga e o Presidente Marcelo não deixará de dar beijinhos apesar da máscara.