1. É incontornável continuarmos esta semana a falar de política, tendo em conta os mais recentes desenvolvimentos relativos à TAP e a um novo caso conhecido como “Galambagate e o computador furtado”.

Independentemente do que venha a acontecer a este e a outros membros do Governo de António Costa, quem está agora em xeque é o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, perante o grande desafio de decidir se dissolve, ou não, o parlamento.

Parece já ter passado o momento em que se esperava que o equilíbrio na política perdurasse e que o superior interesse das instituições nacionais fosse o leitmotiv para que o PR deixasse aos políticos o que é dos políticos. Isto porque, usar a “bomba atómica” é interessante quando todos sabem que ela existe, não a partir do momento em que é lançada.

Marcelo prefere a estabilidade, mas, claramente, não há estabilidade e, por isso, está em causa o regular funcionamento das instituições públicas.

A situação atual é pior do que a convocação de eleições antecipadas. Marcelo entra, assim, para a história por ser o Presidente que manteve no poder um Governo que está fragilizado, que tem casos de corrupção, de amiguismo, de abuso de poder, de partilha do poder com familiares e que tem casos de polícia.

Atingiu-se aquilo que é o último reduto da sanidade política e, das duas uma, ou o primeiro-ministro António Costa faz uma remodelação profunda, algo sugerido pelo presidente do partido, ou o Presidente da República tem de dissolver o parlamento e convocar eleições.

O tema “Galambagate” envolve inclusive os Serviços de Segurança do Estado, algo muito grave, pois se a intervenção não foi legal e, se exorbitando as suas funções, colocará também em causa uma instituição que não pode expor-se ao escrutínio público – na medida em que a sua missão é defender os interesses do Estado e não estar ao serviço de questões políticas ou de crimes, algo que é da responsabilidade da PJ.

Entretanto, pelo mau trabalho do Governo de Costa, o líder da oposição, Luís Montenegro, tem vindo a descolar nas intenções de voto. Não acreditamos que seja suficientemente forte para significar uma vitória clara, mas se juntar os votos do centro-direita, incluindo IL, CDS e eventualmente o Chega, ficará criada uma frente partidária capaz de entrar no “arco da governação”.

O mais interessante nesta potencial frente é a atitude do Chega e do seu líder, André Ventura. Está a cultivar a moderação, algo que foi visível na recente visita à Ovibeja. Também será interessante a competição entre o Chega e a IL para entrarem no referido “arco de governação”, pois esta parelha dificilmente se irá entender, mesmo com acordos de incidência parlamentar.

Por um lado, já cheira a poder e há algumas mobilizações dentro do PSD. Por outro, vamos ver alguma normalização entre as fações mais radicais da direita.

2. As rendas voltaram a disparar, sobretudo em Lisboa. Acabou o efeito moderador do programa “Mais Habitação” e voltou a realidade do mercado.

Quem procura casa em Lisboa ou no centro do Porto, não a encontra ou, então, encontra a um preço exorbitante.

Informações do Barómetro Imovirtual indicam que abril foi o mês mais caro do ano, com as rendas em Lisboa a subir 21,1% em face do mês anterior. Porto, Setúbal e Faro têm as rendas médias mais caras a seguir a Lisboa. A inflação nas rendas só se resolve com mais oferta a preços módicos, e o papel regulador é do Estado.