Nos últimos tempos recebemos um conjunto de notícias desportivas que nos encheram de orgulho enquanto sociedade. Mas esse orgulho tem, paralelamente, uma marca económica e uma importância para a marca Portugal.

A título meramente exemplificativo, sublinho as recentes três medalhas de ouro nos Europeus de Atletismo em Pista Coberta, o mérito de Cristiano Ronaldo ser considerado o melhor marcador de todos tempos no futebol mundial, a qualificação Olímpica de Andebol, a vitória de António Félix da Costa, campeão na Fórmula E, o desempenho de Miguel Oliveira no Moto GP, ou de João Almeida no World Tour, ou ainda o sucesso alcançado além-fronteiras por muitos dos nossos futebolistas. Sublinho ainda as constantes medalhas do desporto adaptado, exemplo de superação e excelência.

O desporto é, por isso, uma marca do país. Uma marca que vale muitos milhões. Quem conhece a estrutura do desporto português sabe que todos esses resultados são fruto de quem, diariamente, trabalha para a sua concretização, nomeadamente em clubes, federações ou nas entidades públicas. Contudo, a pandemia teve implicações no desporto, e de uma forma decisiva, nas suas vertentes de lazer, formação e competição. A questão da formação vai ter naturais consequências futuras.

Segundo dados de um estudo da Comissão Europeia, registaram-se quedas superiores a 10% em praticamente todos os países, no seu contributo para o PIB. O desporto, no pré-pandemia, representava 2% do PIB da União Europeia, e cerca de 3,5% do emprego. Desde o início da pandemia, houve uma preocupação constante na salvaguarda da atividade física e do desporto, dentro das limitações impostas, com vista a defender a saúde pública.

Como resposta a esta realidade desafiante, que colocava em causa esta marca do país, foi recentemente aprovado em Conselho de Ministros um fundo de apoio para clubes e federações desportivas no valor de 65 milhões de euros. Uma medida de combate aos efeitos da pandemia de Covid-19 neste sector de relevância social e económica e que contribui para o orgulho do país.

Esta medida será concretizada através do programa Federações+Desportivas que contempla a recuperação da atividade física e desportiva – no montante de 35 milhões – e também através de uma linha de crédito – no montante global de 30 milhões – dirigida a federações com estatuto de utilidade pública desportiva.

Estas respostas são de extrema importância, especialmente num momento em que o país está a iniciar o processo de desconfinamento gradual e prevê que, a partir de 3 de maio, seja autorizada a prática de todas as modalidades desportivas, suspensas desde meados de janeiro.

Os apoios são sempre considerados escassos pelos agentes e, pessoalmente, defendo mais centralidade do desporto na agenda das políticas públicas, comparativamente ao que se passou ao longo da nossa História. Contudo, estes apoios do Governo ao Desporto revestem-se de especial importância, uma vez que vão permitir oferecer condições aos clubes para desenvolverem atividades desportivas para a população.

O papel das políticas públicas também passa por perceber a importância do bem-estar, saúde, educação e economia do desporto. Desporto também é economia.