Os mais recentes dados da subida dos preços na economia americana indicam um abrandamento para 2,8%, a evolução mais baixa desde março de 2021. Significa que após o primeiro mês do ano de ajustes de preços, a tendência parece ser novamente de descida. Ou seja, é uma boa notícia para quem está à espera da descida de juros.
Persistem, no entanto, rubricas onde os preços continuam a subir fortemente, devido a efeitos secundários de transmissão da elevada inflação vista no ano passado, e da procura em determinados sectores. São eles os seguros, a hotelaria e restauração, os custos com saúde e transporte. Estas áreas irão determinar uma descida mais lenta dos juros. De qualquer forma, volta a estar em cima da mesa o corte de taxas em junho, mês a partir do qual quer o BCE, quer a Fed irão iniciar um ciclo de descida consistente de juros.
Neste sentido, é muito importante os investidores posicionarem-se para o que será o próximo ciclo de descida dos juros até 2026. Este período será marcado pelo regresso das remunerações mais baixas em depósitos a prazo, pelo que a antecipação de alternativas para os próximos anos é importante. Este planeamento é essencial, porque é o que garante a antecipação face à desvalorização das poupanças que irá acontecer.
Por exemplo, se um investidor aplicar 200 euros por mês, num total de 2.400 euros por ano, num fundo de capitalização (reinveste automaticamente os ganhos de juros e dividendos), que renda 7% ao ano, ao fim de 40 anos, terá 512.700 euros. Este é o resultado de um investimento de somente 96.000 euros ao longo desse período (os 200 euros por mês). Ou seja, 75% do rendimento vem da acumulação de juros e rendimentos que nada tem a ver com o capital despendido ou esforço de poupança adicional.
Por outro lado, se decidir investir os mesmos 200 euros por mês, com a mesma rentabilidade, mas dez anos mais tarde, terá investido 72.000 euros durante 35 anos, e obterá um resultado final de 242.600 euros. Ou seja, dez anos de diferença na decisão tem um efeito no capital inicial de 24.000 euros (os 2.400 euros por ano). Mas, em termos de efeito riqueza no fim do período, tem um impacto de 270.100 euros, i.e., 11 vezes o capital que deixou de investir.
Não são necessários mais benefícios fiscais em termos de taxas de IRS. As alternativas já existem, ou sob a forma de Fundos de Investimento ou Plano Poupança Reforma, ou outros que permitam a acumulação de rendimento. É necessário é explicar desde a primária o que é o custo de oportunidade, o efeito tempo, efeito acumulação e fiscalidade. Com estes conceitos, a população portuguesa terá ferramentas para entender os ciclos de inflação, política monetária, ajustar os seus orçamentos e impedir que situações de crise pessoais não se transformem em crises sistémicas.