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“O eleitorado do CDS e do PCP pode ir para o Chega”, diz Marques Mendes

O analista político Marques Mendes acha que a crítica radical ao Chega de André Ventura é o melhor que pode acontecer àquele partido. Por muito que o seu líder ande pouco apaixonado.
17 Novembro 2019, 21h20

“Não podemos entrar em facilitismo: para ter um ensino de qualidade não podemos tomar decisões só para as estatísticas. Tem de haver um meio-termo equilibrado: um apoio adicional para os alunos com necessidades”, disse o analista político Marques Mendes falando sobre o possível fim das reprovações nas escolas públicas. Mas o analista não considera razoável acabar com o chumbo, apesar de pretender dar-lhe um cariz excecional – apenas como recurso pedagógico, uma espécie de última oportunidade.

Marques Mendes falou também da (pequena) polémica que envolver o tempo ‘de antena’ dos pequenos partidos no Parlamento. “Tiveram mais publicidade, gratuita. Quando ao futuro, acho que o Livre está a viver ainda uma situação de deslumbramento, mas quando passar a novidade, vai ter dificuldades: não se percebe qual é a sua mensagem, mas percebe-se que o Livre é mais radical que o próprio Rui Tavares”.

“A maior surpresa da campanha pela positiva, a Iniciativa Liberal, corre o risco de ser um epifenómeno: não chega ter bons outdoors. Quanto ao Chega [de André Ventura], é o que tem mais possibilidade de crescimento no futuro”, disse Marques Mendes. Até porque “tem em algumas áreas um discurso que importa: contra a corrupção, contra os excessos da política. Os ataques radicais é o melhor que pode acontecer ao Chega”. Para Marques Mendes, André Ventura “não está apaixonado por nenhuma das causas de que fala, mas enquanto estiverem a atacá-lo, só o estão a beneficiar. O eleitorado do CDS e do PCP pode ir para o Chega”, disse.

Quanto às manifestações previstas da polícia, Marques Mendes disse que “o movimento Zero pode perturbar. Não é uma associação, não é um sindicato, têm provavelmente propensão para o radicalismo”. Quanto ao mais, “a polícia tem razão”, dado que o Governo não olhou nunca para a instituição. Mas “se há algum ato de violência, o ter razão perde-se”, recordou.

Marques Mendes falou ainda de Espanha: a coligação PSOE mais o Podemos “não é uma solução estável: como é que se aguentará ao longo dos anos. E não é uma solução consensual entre os socialistas – Filipe Gonzales já se mostrou crítico”. E havia alternativa: “o PP mostrou-se disponível” para encontrar uma solução. “Só por sorte é que dará certo”, concluiu.

Marques Mendes teve ainda oportunidade para criticar João Galamba, secretário de Estado da Energia, sobre a questão do lítio: “devia assumir as suas próprias responsabilidades” em vez de andar a queixar-se do governo de Passos Coelho.

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