Nos países em que a tradição é tudo encaixar e nada ou pouco questionar, o poder contratou psicólogos para manobrarem as multidões e certas minorias que poderiam vir a ser perigosas.
No primeiro caso, já sabemos e não é novo. Usam a técnica da repetição das notícias ad nauseam porque “uma mentira muito repetida torna-se numa verdade” aos ouvidos de quem a escuta. No segundo, o das minorias revoltadas, que se consideram de Esquerda, por exemplo aqui em Portugal o BE, partido aliás com boas intenções, no estrangeiro os exagerados hiper-inquietos com as mudanças climáticas, esses psicólogos fazem-nos pensar em coisas que não têm o mínimo, ou pouco interesse, julgando os adeptos que essas são a ratio major por que lutar. Essas coisas, a quem se dá um pouco ao trabalho de pensar, nem precisa de parar, sabe muito bem o que são: rodeiam-nos dia-a-dia num quotidiano que entedia e fere, quando mesmo não chega a causar discussões acerca de ninharias para quem critica e para quem julga, depois de ouvir repetidamente que são as coisas mais importantes no mundo e no mundo de hoje em especial.
Criou-se, pois, uma maioria ignorantíssima que esmaga a minoria crítica, atabafando-a e, pior, julgando que está a cumprir os ditames da democracia, quando, afinal, está a ser selvagem e ditadora. O Poder fica contente desde que os que pensam estejam calados. Os psicólogos são pagos para inventar técnicas de domação; quem pensa que eles existem para tratar as crianças com problemas? Por amor de Deus, não sejamos ingénuos! Isto está ao nível de acreditar que o detergente faz a lavagem por si…
Mas a democracia tem de ter oponentes, senão, não o é, e nada melhor do que aqueles que berram, mas que também foram domados, i.e., que lutam por assuntos que pouco ou nada causam dano ao Poder, ocupem esse lugar e que gritem pelo: clima e pelo feminismo.
Bem, ambos são temas importantes, mas não são bandeiras como parece se nos dermos ao trabalho de prestar atenção a debates aqui e ali em vários postos de televisão portuguesa e estrangeira. Muitas vezes começam sobre o aumento do custo de vida, tema do debate, e acabam, pela mão de um ou uma interveniente, no tema das mudanças climáticas ou do papel da mulher e da sua exploração. Creio que todos ou quase todos já vimos debates assim. O moderador tenta uma vez chamar a atenção para o tema do debate mas os intervenientes insistem e ele “entra na onda” porque isto de democracia é “Maria vai com as outras” e o tema imposto soa melhor e é menos perigoso para o status quo.
O clima, e as chamadas mudanças climáticas, é um tema importante. Há mudanças, todos as vemos. Acontecem pela primeira vez na história do mundo? Ah, isso não posso dizer. Bem sei, é o agora que nos interessa. Podemos mudá-lo? Se advém da acção humana, sim, talvez, se não, bem, não! Uns remendos…
Cientistas dividem-se entre causas naturais cíclicas para explicar as mudanças climáticas e a mão humana. A segunda hipótese serve os ecologista mas servindo a Direita, desviando a atenção dos problemas sociais importantes para romarias verdes.
O feminismo. É melhor ir por partes. As mulheres, onde? No Ocidente, no mundo do Islão? Ui, só num artigo é muito. Ocidente. Foram exploradas. À primeira vista, sim. Em Atenas estavam no gineceu, no Norte de África, em Cartago, tinham uma relativa independência. Em Esparta e um pouco em Roma, as mulheres livres desempenhavam papéis importantes. Meter tudo no mesmo saco é perigoso. Ao longo da história ocidental houve de tudo: mulheres para todo o serviço, poetisas, escritoras, compositoras, mas o que ficou nas mentes foi a mulher abusada. As sufragistas combateram, e parece-me muito bem, pelo direito ao voto em paridade com os homens. No RU, o Partido Conservador, o Tory Party, opôs-se com força mas, pouco a pouco viu uma possibilidade, com o pragmatismo britânico. Mães nunca iriam, na sua maioria, votar senão num partido conservador! E cederam. O Voto das Mulheres!
E enquanto se fala de feminismo, por exemplo da disparidade salarial, uma realidade em certos empregos, não se ataca o fundamento da mesma injustiça. Ir ao fundo da questão não se vai.
No final de contas, ficamos por medidas que se limitam a decidir sobre mais ou menos painéis solares ou moinhos de vento, a “desgraçadas mulheres”, sem, realmente, se fazer nada a não ser preencher programas de televisão e marchas (manifestações?) e, no fim de contas, “o rei vai nu” a apresentar as suas medalhas que o povo julga ver com encanto.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.