“A diferença entre a moral e a Política está no facto de, para a moral, o homem ser um fim, enquanto que para a Política é um meio. A moral, portanto, nunca pode ser Política, e a Política que for moral deixa de ser Política”. – Pío Baroja y Nessi
Vem isto a propósito da forma como hoje se faz política, tantas e tantas vezes ao arrepio dos valores fundamentais (não só a moral) que a mesma deve respeitar.
São vastíssimos os exemplos que se podem dar sobre o aproveitamento que tantos têm feito da política para benefício próprio e da forma engenhosa como tecem caminhos e criam verdadeiros algoritmos tendenciosos e enganosos para muitos cidadãos, levando-os a acreditar muitas vezes que 3 mais 2 são 6!
Temos em Portugal um verdadeiro embuste político há várias legislaturas que é a “dupla” Partido Comunista e Os Verdes.
Nunca consegui compreender como foi possível alimentar este embuste durante tantos anos. Deveria existir uma moldura legal que proibisse este embuste. Não digo engano, porque quem vota, sabe perfeitamente que Partido Comunista e Verdes são exatamente a mesma coisa, mas tal facto contraria o tal valor moral, que sempre deve nortear as causas nobres.
Por que razão Os Verdes sempre tiveram medo de “ir a votos” sozinhos? Para mim é óbvio: não teriam qualquer representação parlamentar. Mas será esta atitude correcta? Em minha opinião, obviamente que não.
Os Verdes são uma mera “secção” do Partido Comunista, a quem este destina em cada legislatura um número de assentos, em função da votação global recebida. Ora, seria bom para a política que Os Verdes tivessem a coragem de sair debaixo do protectorado da Soeiro Pereira Gomes, e avançassem sozinhos para eleições. O Partido Ecologista Os Verdes não sabe o seu peso, e nunca o saberá enquanto esta situação se mantiver.
A isto chama-se embuste. E sendo o Partido Comunista conhecido pela sua organização e seriedade com que enfrenta a política, menos se entende que vá continuando a pactuar com esta farsa, porque é disso que verdadeiramente se trata.
A este caso pode aplicar-se o pensamento de Henry Thoreau: “Os homens hão-de aprender que a política não é a moral e que se ocupa apenas do que é oportuno” . Mas não deveria ser assim. A Política é composta por um conjunto vasto de nobres actos, que não se compadece com atitudes bizarramente oportunistas e impregnadas de ‘chico-espertices’, com o intuito de atirar areia para os olhos dos menos atentos.
Portugal não é um país de papalvos, como alguns fazem crer. É pois mais que tempo de esboroar este embuste e deixar os portugueses votantes definirem as suas preferências, e separar o Partido Comunista d’Os Verdes. Para tal é preciso coragem, o que, francamente, com a queda que o PCP vem registando em todos os contextos, vejo difícil de acontecer.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.