Estas últimas duas semanas estive de visita à Índia e fiquei positivamente surpreendido com a dinâmica económica e social que a quinta maior economia do mundo está a viver.
Confesso que fui com uma expectativa contida, face a muitas opiniões contraditórias de quem lá esteve há cinco, dez ou 15 anos. Todavia, o que pude constatar foi algo muito entusiasmante: um país em enormíssimo crescimento, com objetivos muito bem definidos, e com uma economia assente em quadros altamente qualificados.
Porém, também constatei que as assimetrias económicas e sociais são grandes, que a pobreza existe, que o galopante crescimento económico não está a acompanhar o aumento da oferta de emprego, e que a burocracia compromete a transparência e também é um enorme travão ao desenvolvimento do país. Mas de uma coisa tenho a certeza: a Índia de amanhã pouco terá a ver com a Índia de hoje.
A Índia ultrapassou recentemente a China tornando-se a nação mais populosa do mundo e também uma das economias com mais rápido crescimento no mundo.
O FMI estima que, até 2027, a Índia possa subir dois lugares no ranking das economias mundiais ultrapassando a Alemanha e o Japão, ficando já na dianteira da China e dos EUA. Este exponencial crescimento foi impulsionado por um “boom” de consumo e por uma força de trabalho jovem, que em muitos sectores é altamente qualificada. É extraordinário analisar que no período 2014-2023 o PIB da Índia cresceu 83%, quando no mesmo período a maioria dos outros PIB no mundo estagnou.
Um relatório recente da Morgan Stanley reconhece que, até 2030, a Índia será responsável por um quinto do crescimento global.
É um país – que mais parece um continente – que tem conseguido atrair centros de TI – Tecnologias de Informação de empresas de todo o mundo e com isso criou e reteve talento no país. E mais, para além das empresas que consegue atrair, também consegue captar a entrada de muito capital estrangeiro: apenas durante os primeiros 8 meses deste ano a Índia atraiu 15,5 mil milhões de dólares.
Os sectores da construção e do imobiliário são seguramente os mais dinâmicos da economia, porque as “yields” dos projetos são muito convidativas. É visível, em todo o país, o colossal investimento público em obras infraestruturais que está a preparar a Índia para uma nova fase de rápido crescimento e desenvolvimento.
A Índia que durante muitos anos esteve fechada em si mesma, tendo em conta a sua dimensão territorial e populacional, começa agora a olhar muito mais para fora: EUA, Europa e África. E, Portugal deve posicionar-se e potenciar a boa relação histórica que tem com a Índia, e em particular com Goa, uma vez que o ambiente de negócios está hoje muito mais aberto. Portugal só tem de encontrar o seu espaço e saber criar as sinergias certas.