Os números de infetados por Covid-19, de internamentos e de mortes não param de aumentar. Tristemente. Porque a primavera de propaganda do milagre português, com que se engalanou o primeiro-ministro, não se confirma. Infelizmente.

O que procuro cuidar de saber é se tem a noção de quantos portugueses foram vítimas da pandemia, não por terem contraído Covid, mas por terem medo ou por terem encontrado fechadas as portas do Serviço Nacional de Saúde (SNS), em resultado da sua política? É que a inatividade do SNS, já em perda e depois concentrado na pandemia, bateu de frente nos doentes todos, como um tsunami causado pelo chefe do Governo.

Onde andava o Governo, quando ainda em janeiro, se pediram “medidas face à possibilidade de propagação global do novo Coronavírus” e só apresentaram o Plano em 10 de março? Ou seja, mais de um mês depois – quando apareceram os primeiros casos em Portugal.

Por onde andava o Governo que temos, quando dizíamos que os lares poderiam vir a ser o grande foco, mas não definiram atempadamente fortes medidas preventivas? Deixando quase entregues à sua sorte os frágeis e vulneráveis de hoje – a geração que mais sofreu e mais combateu – porque esteve na guerra, mas também fez Abril.

Onde anda o primeiro-ministro da promessa de um médico de família para todos os portugueses em 2017 e, três anos depois, um milhão deles ainda desespera? Palavra dada não é palavra honrada, quando quem pode não faz o que pode e não faz o que deve.

Por onde anda o primeiro-ministro que temos, quando o Governo que temos não regulamentou a compensação aos trabalhadores do SNS envolvidos no combate à pandemia, como a lei lhe impunha que tivesse feito até há um mês? Os soldados, anónimos da linha da frente, nunca esquecerão os que deles se esqueceram.

Já passámos por todos os Estados – de Calamidade, de Emergência, de Contingência. Estamos agora entregues ao “Estado a que isto chegou”!

O autor assina este artigo na qualidade de Coordenador do PSD na Comissão de Saúde.