A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen discursou, pela segunda vez, sobre o estado da União e apresentou como uma das prioridades garantir que nenhum vírus transformará uma epidemia local numa pandemia global.

Porém, é uma questão de tempo até conhecermos novas epidemias ou pandemias, porque é tão impossível conter um vírus na era global como travar o vento com as duas mãos!

Aquilo que a União Europeia (UE) tem de fazer é não depender de blocos ou países externos, como aconteceu em 2020, e não ficar estupefacta por não dispor de máscaras, batas, ventiladores, reagentes ou simples zaragatoas.

A Saúde faz-se com investimento, ciência, meios, médicos, enfermeiros, pessoal clínico, especialistas, que desenhem um modelo robusto de ataque à próxima crise sanitária. Contudo, não penso que Portugal esteja preparado, porque o esforço de reindustrialização que deve ser feito para responder a uma nova ameaça viral está longe sequer estar pensado.

Outra prioridade é a recuperação económica e financeira para que as economias possam alcançar a prosperidade, numa rota sustentável.

O senhor primeiro-ministro, general da bazuca, andou durante as últimas semanas a anunciar milhões e milhões do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Acontece que o PRR nacional está muito centrado em obras públicas, mas as PME foram esquecidas!

António Costa prometeu uma maternidade para Coimbra, uma autoestrada para Viseu, mil milhões de euros para os Municípios gerirem a transferência de competências, mas não foi capaz de nos dar a conhecer um único investimento que o Governo tenha conseguido captar para Portugal.

A Coelima fechou em Guimarães, a Dielmar encerrou atividade em Alcains, a Saint-Gobain Sekurit Portugal despediu 130 trabalhadores da unidade em Loures… E este Governo nada faz!

A única declaração brilhante veio do secretário de Estado da Internacionalização, ao afirmar que nós ganhámos com a Covid-19. Portugal ganhou com a pandemia, eis o estado da governação. Temos um secretário de Estado em ilusão e um primeiro-ministro em negação.

Ainda no capítulo das empresas, o preço da eletricidade é um fator de perda de competitividade e Portugal está em 8º lugar na União com o preço da luz mais caro.

Contudo, o Governo preferiu perdoar impostos à EDP, como fez na venda das barragens do Douro, em vez de assegurar que as empresas têm tarifas energéticas mais acessíveis, ou sequer que cerca de dois milhões de portugueses não passam frio em casa. Frio para dois milhões e um calafrio para os restantes dez milhões que pagam impostos.

Poderemos mesmo confiar num Governo que deixou a EDP escapar a 110 milhões de euros em Imposto de Selo e, pasme-se, prepara agora um aumento da taxa liberatória sobre as poupanças dos portugueses?

Em suma, assim vai o estado da nação e da governação que vende barragens, não paga impostos, mas cujos cidadãos correm o risco de ser esmagados com impostos se tiverem um imóvel ou rendimentos no banco!