Em manobras de mistificação e diversão, arma-se a grande confusão. Confundem-se as possíveis responsabilidades de falhas pessoais, numa acção, operação concreta – o combate a um incêndio, a vigilância de uma instalação militar – com as responsabilidades de uma política/políticas, que são causas, factores estruturais de determinados processos, acontecimentos: a política florestal, a política de defesa, a política orçamental, etc..
Manobras velhas para responsabilizar tudo e todos. Logo, ninguém! Ou melhor, para absolver a política de direita, de sucessivos governos do PS, PSD e CDS. A política do menos Estado! Das “gorduras do Estado” a desbastar, sem nunca dizer onde, mas em geral cortando a eito! As políticas de guerra aos trabalhadores da função pública! As políticas da “Mobilidade Especial”. Ou da fusão cega de estruturas administrativas: a criação do monstro ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), liquidando as respectivas estruturas das Floresta e do Ambiente! As políticas do saem dois e entra um ou, em geral, nenhum. Tudo para poupar uns tostões! Que o défice é o decisor supremo. Tão supremo que anula a política e a decisão política. Assim manda a UE e a Zona Euro. O Schauble e a Merkel. O BCE e Draghi. O FMI e Lagarde.
E com outra vantagem. A indicação de soluções para as situações ocorridas na continuidade das mesmas políticas que as causaram! Quando muito, carrega-se o Diário da República com mais umas leis e reza-se ao Senhor para que chova e a Stª Bárbara para que não troveje! O problema é que eles às vezes andam distraídos!
O Estado não falha! Quem falha são os que em seu nome decidem de políticas contrárias aos interesses nacionais!
É isto que permite que Cristas esqueça que foi ministra da Agricultura e Passos, que foi primeiro-ministro, e as suas decisões “florestais”: corte de 150 milhões de euros no PRODER, criação do ICNF, os impasses do Cadastro Florestal e a total paralisia no Sistema de Defesa da Floresta contra Incêndios. Que Passos, relativamente ao roubo de Tancos, esqueça a sua política de desastre nas Forças Armadas (como de anteriores governos) para assim esquecer porque não funcionou a videovigilância, ou porque faltavam militares para todos os turnos da ronda!
É isto que permite que os media dominantes ocultem, durante anos, intervenções partidárias e associativas em defesa da floresta e agora descubram, como quem não quer a coisa, que todos são culpados! Ou que o Estado falhou. Os mesmos media que, ainda no domingo, estiveram 100% ausentes da Conferência Nacional dos Baldios, onde se discutiram os problemas de 500 mil hectares de floresta (13% do total nacional) sob posse comunitária.
Não havendo chama, lume, fogo, nada lhes interessa!