Nesta breve seleção, cabe poesia, romance, ensaio, não ficção e até um atlas histórico sobre o Mediterrâneo. Diversidade e autores nacionais e estrangeiros. Que tal viajar sem sair do lugar? Aconchegue-se, relaxe e boas leituras!
Muito para além de uma carta de amor aos livros
Esta é a história da nossa relação amorosa com os livros, quer os organizemos nas nossas prateleiras, inalemos o seu cheiro, rabisquemos nas suas margens ou apenas nos enrosquemos com eles na cama. Em parte história cultural, em parte carta de amor aos livros e em parte memórias relutantes, estas são as crónicas de um livreiro que honra o seu ofício.
As Edições 70 deram à estampa os estados de alma de Martin Latham, livreiro há mais de três décadas, orgulha-se de ser o responsável pela maior reivindicação de fundos de maneio da história de Waterstones, quando pagou pela escavação do chão de uma casa de banho romana debaixo da sua livraria.
A nova literatura sul-americana traz sangue na guelra
“Temporada de Furacões”, obra de Fernanda Melchior, vencedora dos prémios International Literature Award e Anne Seghers-Preis, finalista do National Book Award, International Booker Award e Dublin International Book Award, já tem tradução para língua portuguesa pela Elsinore, uma chancela da Penguin Random House.
Uma descoberta macabra leva a polícia de La Matosa, uma aldeia perdida no México, a investigar o crime. Os envolvidos no acontecimento contam a sua versão da história, abrindo as portas de um inferno de violência e abandono, onde as drogas, o sexo, a pobreza e o desespero, convivem com a superstição e a mitologia, traçando um retrato assustador do México.
Um autor entre duas línguas escreve poemas
Duarte Scott nasceu em Lisboa, viveu no Reino Unido metade da sua idade e a outra metade, em Portugal. Escreve nas duas línguas e é na Coleção de Poesia dirigida por Pedro Mexia, na Tinta da China, que Duarte Scott faz a sua estreia como poeta. “Exposição” é o seu primeiro livro. Escreve Mexia a propósito desta obra, que “Scott cultiva o sentido de forma, afirma a centralidade dos sentidos, e medita sobre o sentido das coisas, do engate ao luto”.
O autor dá o mote, lança uma provocação: “Quem nos disse que as emoções importantes não são as que sente o corpo sem que se intrometa o pensamento?”
Portugal na História, visto por uma grande angular
Um ensaio historiográfico de geoestratégia que não vê Portugal ao longo do Tempo através de uma sucessão de imagens captadas por lentes telescópicas ou microscópicas, entes apresenta o país pela perspetiva de uma grande angular, numa edição da Temas & Debates/Círculo de Leitores.
João Paulo Oliveira e Costa remete-se à tarefa do historiador ensaísta que apenas procura explicar o que aconteceu e que possibilitou que uma minúscula população, heterogénea e imperfeita como todas, baseada num pequeno território, sobreviva autonomamente há quase 900 anos, possua um forte sentimento de pertença coletiva há mais de 600 anos, e tenha produzido uma língua própria que se tornou uma das mais faladas da humanidade.
A importância da memória
Jonathan Freedland dá a conhecer em “O Mestre da Fuga”, editado pela Bertrand, o heroísmo de Rudolf Vrba, um tributo ao homem e à memória enquadrado num dos capítulos mais sombrios da história.
Em abril de 1944, Rudolf Vrba, de 19 anos, e Fred Wetzler tornaram-se os primeiros judeus a fugir de Auschwitz. Passaram sob cercas eletrificadas e por torres de vigilância fortemente armadas, escaparam a milhares de homens das SS e aos seus cães enraivecidos, percorreram pântanos, montanhas e rios em direção à liberdade. Mas a fuga de Auschwitz não foi a sua última. Depois da guerra, continuou a fugir do seu passado, do seu país de origem, do seu país adotivo, e até mesmo do seu próprio nome. Poucos sabiam da ação verdadeiramente extraordinária que tinha levado a cabo.
Fechamento e a abertura ao quotidiano, ao mundo
Neste livro evocam-se os dias “do fechamento”, mas também, finalmente, aquilo que está “aberto todos os dias” – aberto o livro, aberto o mundo –, aquilo que permanece vivo apesar das pandemias, do esquecimento ou da banalidade.
“Aberto Todos os Dias”, de João Luís Barreto Guimarães, vencedor do Prémio Pessoa 2022, é publicado pela Quetzal, e vem mostrar, uma vez mais, que a sua poesia oscila entre a contemplação da História, a ironia sobre as coisas comuns e quotidianas, a construção de um universo próprio com as suas personagens, obsessões e descobertas.
Unidos pelo segredo
John Marcher e May Bartram, depois de se terem conhecido em Itália reencontram-se, inesperadamente, volvidos dez anos e sem qualquer contacto. A visita à mansão de Weatherend faz com que retomem a amizade que julgavam perdida. May irá, a partir de então, acompanhar as expectativas de John, que espera que um acontecimento raro e grandioso se dê na sua vida, e dispõe-se a esperar com ele. Um sentimento de amor implícito entre ambos atravessa toda a narrativa, cuja trama, passada na Inglaterra do final do século XIX, propicia ao leitor uma infinidade de interpretações sobre a real história de “A Fera na Selva”, de Henry James, agora disponível na Dom Quixote, com tradução de Ana Maria Pereirinha.
“Atlas Histórico do Mediterrâneo”, de Florian Louis
O Mediterrâneo tem vindo a desempenhar, desde a Antiguidade, simultaneamente o papel de ponte e de fosso entre territórios, países e culturas que o delimitam.
Segundo o autor, Florian Louis o “Mediterrâneo deve a diversidade que o caracteriza tanto à sua história como à sua geografia. Mais do que separar continentes, ele separa civilizações que apresentam tantas semelhanças como diferenças”. É essa a génese explorada neste atlas, que, enriquecido por várias dezenas de mapas do conceituado cartógrafo e geógrafo Fabrice Le Goff, nos permite compreender as várias escalas e as várias trocas que estruturam os equilíbrios mediterrânicos desde a Antiguidade. Uma edição Guerra e Paz Editores, traduzida por Luís Filipe Pontes.
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