O processo de mudança em curso, designado por Quarta Revolução Industrial (do qual resulta o termo Indústria 4.0), refere-se ao desenvolvimento que se espera resultar numa nova era industrial caraterizada, fundamentalmente, pela digitalização. Evidências da Indústria 4.0 podem observar-se no crescimento das redes digitais, no uso privilegiado da internet como fonte de informação e meio de comunicação, e na crescente representação virtual da realidade.

A Indústria 4.0 assenta em pilares como inovação, automação de processos e sofisticação utilizando novas tecnologias. Tem na Internet das Coisas o veículo que unirá cada vez mais máquinas, pessoas e dados, integrando sistemas de informação de tal forma que a comunicação entre todos esses elementos acelere a tomada de decisão em contexto empresarial. Esta maior conetividade permitirá que as tarefas sejam atribuídas de maneira mais rápida e correta, ao mesmo tempo que estimula a colaboração entre as partes interessadas, melhorando a transparência e a transferência de informação.

A Indústria 4.0 promove, assim, o surgimento crescente de novos modelos de negócio e de cooperação entre empresas e setores, exigindo um novo estilo de gestão, mais ágil e inovador, e estimula a existência de redes colaborativas, aumentando a troca de conhecimento, tanto horizontal como vertical, de forma a estabelecer canais para identificar melhorias, problemas, erros e soluções.

Nesta nova realidade, o papel da gestão de projetos será crucial no suporte ao processo de digitalização das empresas, abrindo caminho à transição para o novo paradigma industrial.

A tecnologia será a ferramenta chave para articular a mudança, afetando igualmente a função do “gestor de projetos 4.0”. Para este, os modos de planear, decidir, organizar e operar serão, de muitas maneiras, diferentes dos atuais, com novos modelos de trabalho e de tempo baseados no digital, na conectividade e na partilha de informação, trabalhando a qualquer hora e em qualquer lugar, com decisões mais autónomas e com a necessidade de desenvolvimento e mobilização de novas competências, formais e informais. As competências mais críticas deverão ser identificadas e enfatizadas e o seu desenvolvimento priorizado de acordo com o seu impacto na Indústria 4.0.

O novo gestor de projetos terá que desenvolver competências de tomada de decisão e capacidade de visão integradora, distinguindo-se dos seus antecessores pela sua maior eficiência, flexibilidade, rapidez e, consequentemente, maior competitividade. Do ponto de vista humano, o sucesso estará em poder comunicar, compartilhar e usar informação para resolver problemas complexos, adaptar-se e inovar em resposta a novos problemas e circunstâncias, organizar e expandir o poder da tecnologia para criar novos conhecimentos e expandir a capacidade humana e a produtividade.

O surgimento da Indústria 4.0 significa, portanto, uma alteração na forma de gerir projetos, o que significa que será necessário que o gestor de projetos se adapte às novas necessidades e expetativas do setor. A preparação antecipada da resposta às possíveis disrupções que estas mudanças produzirão determinará o sucesso numa nova realidade em que se estima que o número de empregos em gestão de projetos atinja os 41 milhões em 2020.