Estas buscas a casa de Rui Rio aconteceram no dia certo para apagar e tirar da agenda mediática o gravíssimo caso do secretário de Estado da Defesa, Capitão Ferreira, acusado de alegada corrupção no tempo em que João Gomes Cravinho tutelava essa pasta. Ao criar uma manobra de diversão envolvendo um nome mais sonante da política, uma nova pedra no sapato do Governo foi silenciada.

Depois, o tema dos pagamentos a assessores através do Parlamento sem exercerem ali as suas funções é transversal a muitos partidos e, por isso, entramos numa perseguição da Justiça que terá como destino o arquivado ou a prescrição, ganhando apenas com isto os partidos que fazem do discurso anti-sistema a sua semente de crescimento, dando a ver aos portugueses que são todos farinha do mesmo saco e a classe política está podre.

É Rui Rio o visado nesta operação judicial, ele que ficou famoso pelos “banhos de ética”, pelos discursos impolutos e de rigor, parecendo sempre que estava acima da classe política da qual fazia parte. Assim, é importante que se exijam esclarecimentos. Primeiro, à Justiça, que não pode abrir processos para enlamear pessoas sem prevista conclusão. Depois, ao próprio Rui Rio, pois se cometeu práticas ilegais, a sua persona pública cai por terra, ficando apenas como mais um nome para a história dos hipócritas.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.