As mais recentes reuniões da Reserva Federal (Fed) e do Banco central Europeu (BCE) tiveram em comum pôr um fim à vista no mais violento ciclo de subida das taxas de juro dos últimos 40 anos. A Fed percebeu que está no fim da linha e que, ao aproximar as taxas de juro dos 5%, está a impedir muitos americanos de comprarem casa própria e a ameaçar congelar o mercado imobiliário.
O forte abrandamento da actividade económica tem vindo a reflectir-se nos anúncios de despedimentos por parte das grandes empresas, que tentam agora optimizar a sua estrutura financeira como forma de se prepararem para um momento de menor actividade e de custos mais elevados com a dívida, obrigando-as a uma maior selectividade nos investimentos.
Após os movimentos de 0,75% em Novembro, 0,5% em Dezembro e 0,25% em Fevereiro, a Fed indica claramente que está a pôr um travão à subida dos juros. Aliás, o mercado prevê que no último trimestre de 2023 os juros baixem 0,5%, no que será uma inversão do ciclo de subida dos juros.
Já na Zona Euro, o BCE, após ter subido a sua taxa de depósito em 0,5%, para 2,5%, reiterou que tentará subir 0,5% em Março, e que nessa data irá fazer um novo ponto de situação. É provável que o BCE suba os juros pela última vez no início de Maio, em 0,25% com a taxa de depósito a terminar nos 3,25%, e aí se mantenham por algum tempo.
Apesar da estabilização dos juros, as famílias e empresas continuarão a sofrer um agravamento dos custos pelo menos até 2024, devido ao efeito de actualização dos contratos de crédito à habitação. No entanto, há luz ao fundo do túnel! O mercado prevê que os juros na Zona Euro possam baixar 0,75% entre Dezembro de 2023 e Dezembro de 2024, estabilizando em 2,5%.
Assim, é importante que as famílias façam simulações para terem uma noção da sua capacidade de cumprimento dos compromissos assumidos, naquele que será um ano com taxas de juro superiores a 3%. Nos anos posteriores, poderemos esperar uma estabilização em torno dos 2-2,5%.
Os próximos anos irão proporcionar inúmeras oportunidades de investimento e de rentabilização das poupanças, pelas necessidades de transformação ditadas pelas condicionantes demográficas, transição energética, ou melhoria das condições de vida de mais de mil milhões de pessoas até 2030, que ajudará a aumentar o consumo mundial, o crescimento e a disrupção de muitas indústrias.
Certo é que a inflação regressou às nossas vidas. Para quem não sabe o que é, uma vez que vivemos desde o início do milénio num período deflacionário, trata-se de um imposto que corrói as poupanças acumuladas ao longo do tempo e diminui o poder de compra, desvalorizando o activo mais importante que podemos ter – o bem-estar.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.