Morreu um dos grandes. Um daqueles nomes que mudaram o mundo, abanaram conceitos e foram grandes nos feitos e grandiosos na personalidade.
Stephen Hawking não foi, nem será caso único. Muitos dos grandes seres que marcaram a humanidade lutavam contra doenças raras e viviam com limitações que, para muitos, seriam barreiras demasiado difíceis de ultrapassar. Mas foi também isso que os tornou grandes. Esses contratempos, essas doenças raras, essas lutas diárias, esses exemplos que nos fazem pequenos e nos lembram que, afinal, os nossos problemas do dia a dia são de facto menos importantes.
Aos 21 anos foi-lhe diagnosticada Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença que causa a morte dos neurónios responsáveis pelos movimentos voluntários, e foram-lhe dados apenas mais alguns anos de vida. Hawking desafiou as probabilidades e ultrapassou a estimativa em mais de 50 anos. Claro que tinha condições económicas para isso, vivia num ambiente instruído e tinha uma capacidade mental rara que o permitia desafiar-se todos os dias e nunca deixar que o menosprezassem pela sua doença. Deixou legados inquestionáveis na ciência, e deixou este outro legado inquestionável para o mundo, adicionado de um grande sentido de humor: “ninguém pode resistir à ideia de um génio aleijado”.
Quando fui mãe e comecei a fazer a minha vida de carrinho de bebé, rapidamente percebi as limitações que existem para uma coisa tão básica, mesmo numa cidade como Lisboa. Já se imaginou numa cadeira de rodas? Já se imaginou com uma limitação acima de 90%? Já é tempo de mudança! De criarmos um mundo mais igual e igualitário e de as empresas olharem para as pessoas pela sua capacidade e qualidade, tão-só.
Não há marca mais importante do que a nossa, o nosso legado, o nosso nome. Isso é o que existe enquanto existimos e o que fica quando partimos. Stephen Hawking era uma marca com uma importância sem precedentes. É verdade que o seu legado ficará para a história da ciência como um dos seus grandes nomes, mas ele foi muito mais do que isso. Foi um homem que lutou contra todas as dificuldades e provou que é possível ser grande, mesmo quando deixamos de falar, mesmo quando o corpo não corresponde ao que está cá dentro.
É tempo de aproveitar o que alcançámos tecnologicamente e de colocar tudo isso ao nosso serviço. De percebermos que para fazer acessibilidades não basta colocar uma rampa com inclinação que dará vertigens a qualquer um. É preciso mudar mentalidades e formas de estar: na vida, nas empresas, na sociedade. É tempo de pensarmos nos outros, de desviarmos o olhar do telemóvel e de vermos o mundo. E isto, deve fazer-se todos os dias, por todos.
Se cada um de nós pensar em como quer construir a sua marca, o seu legado e agir de acordo com isso, a bola começa a rolar e tudo será seguramente melhor. Pode ser um pensamento em grande, mas citando aquele a quem muitos chamaram o homem mais inteligente do mundo, talvez valha a pena fazer o que recomendou: “olhem para as estrelas e não para os vossos pés”.