Na passada semana tomámos conhecimento no Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), que o Banco Santander Totta (BS Totta) vai despedir cerca de 150 trabalhadores e que fez uma provisão extraordinária de 164,5 milhões de euros, o que antecipa muitos mais despedimentos.
Permitam-me algumas palavras, unânimes e solidárias, em nome da direção que lidero com muito orgulho.
Choca-nos, em contexto de pandemia, num momento em que a todos se exige fazer a sua parte em nome do bem comum, que ordens superiores que acreditamos serão oriundas de Espanha, imponham o rolo compressor que vem sacrificar muitos postos de trabalho, ainda que sem urgência ou necessidade.
E choca-nos também que esta administração portuguesa do BS Totta seja incapaz de lutar em Espanha pela salvaguarda dos postos de trabalho dos portugueses que lideram do Minho ao Algarve, não esquecendo os Açores e a Madeira.
Estamos perante um movimento unilateral, sem razoabilidade, no preciso momento em que o BS Totta acabou de anunciar, relativamente ao primeiro trimestre de 2021, um rácio de eficiência de 34,1%, aumento do produto bancário de 18,7%, redução dos custos operacionais de 2,5%, resultado de exploração que subiu 33,7%, recursos de clientes que subiram 5%, crédito a clientes que subiu 5%, moratórias que diminuíram 25% e rácio de capital (CET1) de 20,1%, o que corresponde a um acréscimo de 4,3 pp.
Estes resultados são excelentes. É, por isso, incompreensível que administradores portugueses, sob tutela espanhola, procedam desta forma quando nada lhes exigia um sacrifício brutal dos trabalhadores portugueses do BS Totta.
Lamentamos ter de o lembrar, mas os portugueses não são objetos descartáveis por indicação oriunda de Espanha. Para além do mais, o recurso a processos unilaterais de despedimento não honra a história do BS Totta, nem está em linha com equipas de gestão portuguesas anteriores, que sempre souberam impor a Espanha a salvaguarda dos interesses dos nossos colegas do BS Totta.
Isto dito, no SNQTB somos responsáveis. E patriotas, naturalmente. Por isso privilegiamos o diálogo e a concertação como instrumentos preferenciais no relacionamento com as instituições bancárias. Nessa medida, estamos sempre disponíveis para cooperar com ações e iniciativas que visem assegurar o sucesso estrutural e a longo prazo das entidades do sector bancário.
Esta administração do BS Totta, porém, toma como seu um processo de reestruturação que, na sua forma unilateral, não obedece aos interesses dos trabalhadores portugueses.
Sejamos, portanto, muito claros. A direcção do SNQTB não aceitará o sacrifício desnecessário dos portugueses, quando os resultados operacionais são francamente bons. Por isso os defenderemos em todas as frentes: perante a administração do BS Totta, em Portugal e em Espanha, em cada local de trabalho, na praça pública e na comunicação social, junto do Governo e dos grupos parlamentares. E junto dos Tribunais, se for esse o caso.
E é por isso mesmo que vamos sair à rua para fazer ouvir a nossa voz, dias 11 a 14, em Lisboa, Porto, Coimbra e Faro, sequencialmente. Pelos portugueses e por Portugal, por muito que isso doa a alguns interesses espanhóis poucos conhecedores da realidade e da História de resistência portuguesa.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.