Em Março, mês das chuvas no Sul Global e primavera no Norte Global, celebramos a renovação e, claro, o domínio masculino sobre o planeta. Afinal, quem precisa de um mês dedicado às mulheres quando os homens já controlam tudo há séculos? O Dia Internacional da Mulher, a 8 de março, é apenas uma pausa simbólica nessa longa e ininterrupta celebração da masculinidade.

Um dia para as mulheres respirarem antes de voltarem a ser lembradas de que o mundo gira em torno das decisões dos homens. E, claro, não vamos esquecer a narrativa hipócrita do empoderamento feminino. Porque, no fundo, o mundo não está pronto para abrir mão desse “ativo invisível”.

A mulher é a cola invisível com jornada dupla, ou até tripla, de trabalho, equilibrando carreiras profissionais, tarefas domésticas e a responsabilidade de cuidar dos filhos, idosos e doentes da família, horas não contabilizadas e um sorriso no rosto apesar de um menor salário pelo mesmo trabalho. Um exemplo de resiliência do sexo forte porque, apesar das barreiras, segue em frente.

Março é o mês perfeito para refletir sobre como os homens continuam a mandar no mundo. E que futuro brilhante eles têm construído! Guerras, desigualdade, mudanças climáticas… Tchim, Tchim pelo trabalho!

Março, o mês que nos lembra que, apesar de todos os avanços, ainda vivemos num planeta onde os homens decidem e as mulheres se adaptam. E, claro, agradecer à McKinsey Global Institute, por nos lembrar que o empoderamento feminino está atrasado em mais de um século, apesar de ter o potencial de agregar 12 triliões de dólares ao produto interno bruto global até 2025, de acordo com a análise do referido relatório.

Nas Áfricas Subsaarianas o fosso ainda é maior, a desigualdade de género não é apenas injusta, ela é também um entrave para a economia, apesar de sinais positivos ​​na representação ministerial e parlamentar, particularmente em Moçambique, Ruanda e África do Sul.

Um mundo liderado por mulheres talvez fosse um lugar mais justo, mas onde estaria a graça nisso? Feliz Março a todos (principalmente aos homens)!