Macau prepara-se para substituir o Qatar, em 2020, na qualidade de território mais rico do mundo. A China está a um passo de ultrapassar os EUA e de subir ao primeiro lugar do pódio das economias mundiais na próxima década. O FMI concorda com as duas previsões.

Os números dizem muito sobre a China: segunda maior economia do mundo, terceiro país com a maior extensão territorial, 20% da população mundial vive dentro das suas fronteiras, é a nação com o maior crescimento económico das últimas três décadas, o seu PIB é o maior do mundo e apresenta uma média de crescimento de cerca de 10% ao ano.

Macau não foge à regra do milagre económico devido às receitas do turismo e do jogo. Esta semana, a Sociedade de Jogos de Macau comunicou que os lucros subiram 65,1% no terceiro trimestre face ao período homólogo de 2017, totalizando 79 milhões de euros. Até ao final de 2019 estão previstos 35 casinos em funcionamento no território. Sendo a única zona na China onde o jogo é permitido, a febre é de tal ordem que os chineses sofrem restrições para visitar Macau, podendo apenas deslocar-se ao território alguns dias por ano.

Os avisos para tentar prevenir o problema do vício estão por todo o lado, as condicionantes aos funcionários dos casinos aumentaram e o governo oferece anualmente um valor proveniente dos lucros do jogo aos residentes. Tudo medidas que visam diminuir o efeito negativo resultante deste tipo de negócio intensivo no território.

Nesta conjectura não é difícil perceber o motivo de tantos portugueses arriscarem emigrar para o antigo território português nos recentes anos de crise económica. A taxa de desemprego situa-se nos 1,8%, sendo que este número engloba aqueles que optam por não trabalhar mas contam na estatística.

Recentemente, numa visita ao território, um português residente há vários anos em Macau confidenciava que as novas pequenas e médias empresas se debatem com um problema com a contratação de quadros. A saída dos funcionários para postos de trabalho mais apelativos em termos de salário é constante, os ordenados são altos e a oferta é superior à procura. Às empresas em início de actividade com um orçamento apertado e muitas despesas, é difícil entrar e competir no mercado das empresas já estabelecidas.

Recentemente, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, fez uma ronda por Pequim e Macau onde fechou várias negociações. A altura não poderia ser mais propícia visto que o investimento chinês no nosso país tem sido forte e está a ser preparada a visita do presidente Xi Jinping a Portugal, em Dezembro.

Com uma população de cinco mil portugueses residentes no território e o turismo crescente entre os dois países, é caso para perguntar para quando o regresso dos voos directos e uma maior aposta na língua portuguesa?

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.