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O milagre ibérico: Portugal e Espanha lideram economia da Europa perante debacle de Paris e Berlim

A Península Ibérica é responsável por quase 50% de todo o crescimento da Zona Euro, apesar de a economia espanhola representar 10,9% do PIB da Zona Euro e a portuguesa pouco mais de 1,7%, avança o El Economista.
5 Fevereiro 2025, 20h07

É um verdadeiro milagre ibérico. Anos e anos de recessão provocados pela crise das dívidas soberanas ficaram para trás. Agora, Portugal e Espanha lideram o crescimento económico na zona euro.

A Península Ibérica provavelmente nunca foi tão importante para manter a economia da zona euro a funcionar. As duas economias ibéricas juntas representam apenas 13% do PIB da zona euro, mas Portugal e Espanha são responsáveis ​​por 50% de todo o crescimento do euro no último trimestre.

O tema faz notícia no El Economista desta quarta-feira.

Além disso se a Península Ibérica fosse retirada da equação, o crescimento trimestral na Zona Euro no último trimestre teria sido negativo (contracção do PIB) e o crescimento homólogo teria descido para metade.

O JP Morgan já o destacou num relatório recente: “Só Espanha é responsável por um terço de todo o crescimento da Zona Euro”. Isto não é sustentável, uma vez que Espanha e Portugal não podem manter este tipo de “milagre económico” indefinidamente.

As economias de Espanha e Portugal lideraram o crescimento do PIB no último trimestre de 2024. Os dois países da Península Ibérica foram os que mais cresceram em termos trimestrais: Espanha cresceu 0,8% e Portugal 1,5%.

Numa base anual, Espanha cresceu 3,5% e Portugal 2,7%.

O bom desempenho das economias ibéricas impediu que a zona euro registasse uma contração do PIB neste período.

Sem o contributo de Espanha e Portugal para o crescimento trimestral, a economia da zona euro teria contraído quase 0,1% (que é o contributo positivo que deram para o PIB trimestral), segundo o artigo do jornal espanhol.

Em dados anuais ainda mais claro. A zona euro cresceu 0,9%. Destes, Espanha e Portugal representam 0,43 pontos percentuais cada: Espanha contribuiu com 0,3815 pontos percentuais e Portugal com 0,0459 pontos. Ou seja, a Península Ibérica é responsável por quase 50% de todo o crescimento da Zona Euro, apesar de a economia espanhola representar 10,9% do PIB da Zona Euro e a portuguesa pouco mais de 1,7%.

Ambos os países estão em pleno ciclo de expansão nas suas economias, com um crescimento populacional significativo, criação de emprego e usufruindo de novas preferências globais dos consumidores que dão prioridade aos serviços produzidos em massa em Espanha e Portugal.

Uma boa prova disso é a taxa de desemprego, que em ambas as economias apresenta uma clara tendência decrescente, apesar do crescimento populacional (sobretudo estrangeiro), sublinha o El Economist. Isto significa que a Península Ibérica está a crescer a um ritmo suficiente (bem como a procura dos bens e serviços que produz) para absorver um grande número de trabalhadores.

Em Portugal, a taxa de desemprego é de 6,4%, enquanto em Espanha é de 10,61%, uma taxa que à primeira vista parece elevada, mas que para os padrões espanhóis é “perigosamente” baixa (está muito abaixo da taxa de desemprego não inflacionista), segundo o jornal.

Não deixa de ser irónico que os dois países do sul da Europa que já foram o maior problema do euro, se tenham tornado agora os cavalos a puxar uma carroça carregada de “gigantes” falhados, como a Alemanha, a França e a Itália.

A recuperação destes gigantes é essencial para que a economia da zona euro cresça de forma sustentável e diversificada, ao contrário do que está a acontecer agora. O crescimento está hoje altamente concentrado em dois países que representam apenas 13% da economia da zona euro.

Os analistas do JP Morgan defendem que, em 2024, um terço de todo o crescimento da zona euro veio de Espanha, embora a sua economia seja apenas 10% da da zona euro, pelo que tal não é sustentável: “Só Espanha pode fazer muito, dada a sua dimensão dentro da zona euro. E há riscos significativos de queda se os principais países (Alemanha, França) tiverem um desempenho ainda pior do que já antecipámos nas nossas previsões, com o possível impacto de um segundo mandato de Trump como uma preocupação relevante”, sublinha o JP Morgan.

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