Pedro Nuno Santos quer que o aumento das pensões seja permanente. Está naquela fase da vida política em que julga que quase tudo é possível. Ou melhor, em que acredita piamente que o desejável é pedir mais e mais medidas ao Governo. O aumento das pensões mais baixas é uma necessidade – ninguém o pode negar.

A pobreza histórica de Portugal, a fraca qualificação das pessoas mais velhas, resultado de uma economia estatizada e parada no tempo, acrescida de termos tido um sistema tributário que até à reforma do ministro Cadilhe nos anos 80 do século passado foi uma organização terceiro-mundista – a entrada na então CEE foi também fundamental para fazer-nos evoluir nesta área – tudo isso contribuiu para ainda termos hoje pessoas (idosos) que sobrevivem a custo – têm vidas miseráveis.

Dito isto, tem havido melhorias e preocupação em todos os governos com os pensionistas – excetuando o período da troika em que a insensibilidade de Vítor Gaspar cortou a eito também a vida destas pessoas.

Deve também ser escrito que o bónus que o Governo AD ofereceu aos pensionistas nos últimos meses cheira tanto a eleitoralismo como peixe frito em óleo velho. A vontade de desviar para o PSD o eleitorado tradicional do PS (idosos e mulheres) é demasiado evidente e está a ser feito como se fosse uma corrida contra o tempo – como o Governo poderia cair, na verdade, era mesmo uma luta pela sobrevivência.

Sendo tudo isto verdade, e não deixando o Parlamento de ter legitimidade para legislar, a vontade de Pedro Nuno Santos em converter Montenegro numa espécie de motorista em prime-time das políticas do PS é um erro e um abuso. Criar mais despesa permanente pouco mais de dez anos depois de termos ido à falência? Incompreensível.