Está espalhado por todo o país, continental e insular, interior ou litoral. O Museu das Descobertas está em Sabrosa – a casa de Fernão de Magalhães, de quem se assinalam este ano os 500 anos da fantástica aventura que deu origem à primeira viagem de circum-navegação. Em Sines – a casa de Vasco da Gama, o almirante que empreendeu a primeira viagem direta da Europa à Índia por mar e que presidiu ao tribunal que condenou Fernão de Magalhães à morte. Em Belmonte – a casa de Pedro Álvares Cabral que tocou no Brasil a caminho da Índia. Em Porto Santo – a casa de Cristóvão Colombo que julgou ter descoberto outro caminho marítimo para a Índia e que ali terá vivido.

Quatro nomes imortais da história da humanidade que nasceram ou viveram em Portugal.

Estas casas constituem um cluster de museus de descobridores raro, precioso e por explorar. Mas há muito mais descoberta em Portugal, há outros clusters temáticos, como o do bacalhau em Ílhavo e Viana do Castelo, ou o da baleia no Pico, Faial, Flores e Madeira, ou os vários dedicados à pesca local e da sardinha, como o Museu de Portimão.

A relação histórica de Portugal com o mar começou local e alcançou dimensão global. Desde as expedições das Descobertas, à caça e pesca longínqua e costeira, a relação dos portugueses com o mar é uma marca secular de que muitos museus portugueses dão testemunho.

Há em Portugal mais de 60 museus, monumentos, sítios e experiências com relação direta ou indireta com o mar. Alguns são totalmente dedicados às coisas do mar, como o Museu de Marinha, outros incorporam nas suas coleções importantes temáticas relacionadas com ele – navegação, exploração, vidas, artes.

Alguns são pequenos, em geral sob a tutela de um município. Outros em que apenas uma pequena parte da coleção tem relação com o mar, como, por exemplo a pintura marinha no Museu Grão Vasco. Outros ainda evocam a relação geoestratégica de Portugal, como os biombos Namban do Museu Soares dos Reis ou os do Museu de Arte Antiga, ou o museu de Vila de Conde ou ainda o núcleo museológico sobre o comércio de escravos em Lagos.

A representatividade da temática mar na cultura portuguesa está na origem do projeto muSEAum, Museus de Mar de Portugal, desenvolvido pela unidade de investigação CICANT da Universidade Lusófona e financiado pela FCT e cujos trabalhos prosseguem na próxima semana em Lisboa, com o workshop “Ouvir os Museus, Apresentar a Equipa”.

Estarão presentes representantes de um núcleo de importantes museus de mar: Museu do Mar de Cascais (e o Farol Museu de Santa Marta e o Forte), Museu Marítimo de Ílhavo (museu, aquário dos bacalhaus, navio Santo André), Museu de Marinha de Lisboa (e a Fragata D. Fernando e Glória e o Aquário Vasco da Gama) e o Museu de Portimão (e a maquinaria do molhe).

O conceito Museus de Mar incorpora museus marítimos, museus de arte, ecomuseus como no Seixal, etnográficos como em Esposende, ou navios museu. É um conceito amplo e abrangente que procura significar a diversidade de museus, e de sítios, como a Fortaleza de Sagres, ou experiências como a arqueologia subaquática no Algarve ou a construção e navegação tradicional, ou ainda a arte de rua dedicada ao mar como os azulejos sobre pesca na Póvoa de Varzim.

muSEAum é uma palavra inventada que significa a marca coletiva “Museus de Mar de Portugal”. Esta parceria de pesquisa e desenvolvimento, em coinovação da academia com museus de mar, está focada na avaliação dos recursos dos museus – localização, edifício, coleção, experiência de visitante,  comunicação – e ainda o treino do staff em competências digitais, para potenciar recursos através de comunicação digital numa diversidade de plataformas para o desenvolvimento de públicos e o posicionamento nos mercados cultural e turístico.

Decisivo para a definição da marca do museu é o design da experiência de visitante. Para expandir e atrair mais e novos públicos para os museus é preciso um permanente esforço que solicita recursos humanos, financeiros, tecnológicos e organizacionais, mas para os quais as tecnologias digitais se oferecem como meio acessível para chegar a todo o mundo.

A aplicação de branding e marketing digital projeta o património marítimo nacional através das marcas dos museus que lhe são dedicados, tornando-os mais reconhecidos e reputados entre públicos nacionais e estrangeiros.

O brand de cada museu será um contributo essencial para o efeito multiplicador resultante da marca coletiva para atrair e fidelizar públicos. A marca de cada um dos museus é potenciada pelo efeito de uma rede de Museus de Mar de Portugal.

A razão de ser dos museus vai para além da conservação e exibição de património cultural. Contribuem para a notoriedade a nível local, o que produz um efeito multiplicador positivo a vários níveis. Os museus desempenham uma importante função na coesão e identidade local, na criação de emprego e dinamização das economias locais, no estabelecimento de laços e de redes sociais e de conhecimento a nível regional, nacional e internacional. A função cultural, social e económica de cada museu a nível local terá maior expressão e produzirá maiores resultados se for sustentada no efeito de rede de uma marca coletiva.

É essa a função do brand – a marca – e do branding: consubstanciar e disseminar por todo o mundo uma identidade própria, facilmente reconhecida, que propõe ao potencial visitante uma proposta de valor interessante, uma promessa de qualidade, uma experiência diferenciada.