[weglot_switcher]

“O navio livrou-se de responsabilidades. Não quer saber mais de mim”, lamenta português infetado com coronavírus

Esta manhã, depois de ter falado com o marido que diz estar preocupado com a demora do processo que reencaminha os infetados para os hospitais designados, a esposa informou que Adriano continua fechado na cabine, sozinho e sem tratamento especial.
  • Tomohiro Ohsumi/Getty Images
23 Fevereiro 2020, 12h21

Adriano Luís Maranhão continua isolado na cabine do Diamond Princess depois de ter sido confirmada a infeção pelo novo coronavírus, Codvid-19, este domingo. Em declarações à RTP, o tripulante do navio que está atracado no porto de Yokohama, Japão, há mais de duas semanas queixa-se da falta de condições e do apoio médico pelas autoridades japonesas.

“Disseram-me que estava de quarentena. E agora estou à espera que me venham chamar à cabine para possivelmente sair do navio”, explicou através de uma chamada de vídeo à RTP, este domingo. “Nem sequer me vieram trazer o jantar. Nem me vieram dar comida nem nada”, queixa-se informando que o processo ainda “foi muito lento”.

“Andámos nos primeiros dias sem máscaras, sem proteção nenhuma. Só quem ia mais à área de passageiros é que vestia um fato branco, mas nada que pudesse isolar o corpo”, contou ainda Maranhão. “Mas o que me está a revoltar mais é a falta de atenção. Na hora em que os médicos vieram à cabine, disseram-me que eu é que teria de contactar com a embaixada portuguesa aqui em Tóquio. O navio, ao dar-me a notícia que estou positivo, livrou-se de responsabilidades. Não quer saber mais de mim”, afirmou à RTP.

A esposa do tripulante do navio contou à CMTV, este domingo, que Adriano apesar de estar infetado pelo vírus não vai, para já, para o hospital. “Ele tem que ser tratado. É inaceitável porque o barco está para há um mês”, considerou.

Esta manhã, depois de ter falado com o marido que diz estar preocupado com a demora do processo que reencaminha os infetados para os hospitais designados, a mulher informou que Adriano continua fechado na cabine, sozinho e sem tratamento especial.

“Se a Embaixada [portuguesa] já foi informada de que ele está doente – e eu tenho esse email a explicar que eles foram informados – logo houve uma comunicação oficial por parte do Japão”, continuou. “Eu não estou a entender do que é que estão à espera, sinceramente.”

O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) está a “insistir junto das autoridades locais para que se proceda à sua transferência para o hospital de referência”, no Japão.

O MNE afirmou este sábado estar a acompanhar a situação de um tripulante português do navio japonês Diamond Princess que terá sido infetado com Covid-19, mas admitiu que não tem ainda informação das autoridades japonesas.

O ministério “está em contacto com as autoridades japonesas” através da embaixada em Tóquio, e está a acompanhar “a evolução dos resultados dos testes que vão sendo realizados”, avançou o gabinete do ministério em comunicado enviado à Lusa.

“Não temos ainda informação da parte das autoridades japonesas de que haja algum caso confirmado de infeção com o coronavírus, entre os tripulantes portugueses do navio Diamond Princess”,

O ministério liderado por Augusto Santos Silva acrescentou ainda estar também a acompanhar “os tripulantes portugueses e respetivas famílias”.

 

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.