Em Setembro de 2023, o Presidente Chines Xi Jinping propôs pela primeira vez os pilares de um novo paradigma de desenvolvimento denominado “Novas Forças Productivas” (ou New Quality Productive Forces, em inglês). A ideia é perseguir estratégias baseadas em inovação que transcendem os padrões de crescimento económico e da produtividade mais convencionais e levem a um desenvolvimento de maior qualidade.
Existem cinco pilares fundamentais: i) inovação em ciência e tecnologia; ii) inovação industrial; iii) modelo de desenvolvimento “verde”; iv) inovação institucional e; v) novos mecanismos de gestão do talento. De acordo com investigação recente que realizo com um doutorando, este novo paradigma foi prontamente adoptado pelo tecido empresarial, mas está a obter particulares resultados em regiões chinesas altamente influenciadas pelo Taoismo.
O Taoismo – também conhecido como Daoismo – é uma filosofia e religião indígena chinesa que se consolidou por volta de 400 anos antes de Cristo. Esta filosofia assenta em quatro princípios fundamentais que são particularmente importantes no que concerne à inovação, criatividade e desenvolvimento sustentável.
O primeiro princípio é designado Tao e significa que devemos, tanto quanto possível, seguir a “ordem natural das coisas”, ao invés de procurarmos dominar o processo natural. Este princípio não só encoraja harmonia ecológica e social e rejeita controlos rígidos dando espaço, favorecendo estratégias de longo prazo, como enfatiza a adaptabilidade, rejeitando reacções excessivas a pressões de curto prazo e facilitando a inovação consistente com os ritmos naturais e sociais.
O segundo princípio denomina-se Wu-Wei e refere-se a uma rejeição de intervencionismo. A ideia é alcançar os objectivos com o mínimo de intervenção necessária, o que passa por empoderar os empregados e equipas autónomas, descentralizar a tomada de decisão e remover níveis de supervisão inúteis.
O terceiro princípio é a mais conhecida dialética Yin-Yang de interdependência e balanço de opostos. Este princípio – que desde os anos 2000 teve uma explosão na literatura ocidental de gestão sob o conceito de paradoxo – é frequentemente associado ao desenvolvimento de soluções inovadoras, sustentáveis e de alto desempenho.
Por último, o princípio do Xiao-Yao, iniciado pelo mestre Zhuang (Zhuangzi), defende a liberdade espiritual e criativa, e a libertação do indivíduo de papéis inflexíveis e constrangimentos associados. Este princípio valoriza, por exemplo, mentalidades abertas, pensamento livre, ideias não tradicionais e pensamento reverso.
As empresas que têm adoptado os princípios taoistas estão hoje na linha da frente da implementação das políticas das “Novas Forças Productivas” na China. Este novo impulso por parte do governo chinês e a filosofia taoista implementada por muitas empresas fazem com que a China continue a registar avanços significativos em várias áreas. O próximo relatório Draghi — se nada for feito na Europa — irá documentar uma descolagem ainda maior da economia chinesa face à Europa e, quiçá, a ultrapassagem dos Estados Unidos.