No quadro do futuro orçamento europeu, agora em discussão, são claras as prioridades para o setor do comércio, grossista e de retalho, refletidas nas posições do Eurocommerce.

O setor do comércio é o maior empregador privado da União Europeia (UE), emprega 29 milhões de europeus e é composto por 5,4 milhões de empresas, na sua esmagadora maioria – 99% – pequenas e médias empresas. No entanto, é um dos setores mais fortemente regulados e nalguns Estados Membros são mesmo violados os princípios do Mercado Único.

O Eurocommerce, parceiro social europeu para os setores do comércio grossista e de retalho, e no qual a CCP está representada, apresentou um “position paper” que insta os Estados-membros e o Parlamento Europeu a negociar a proposta de orçamento de forma não discriminatória para o setor.

Em concreto, defende-se o condicionamento da atribuição dos fundos europeus aos estados membros que respeitem a lei, os valores da UE e as regras do Mercado Único. Em termos de financiamento do setor, devem ser financiadas parcerias público-privadas que envolvam retalhistas e grossistas, por forma a manter a atratividade das cidades como locais para viver, visitar e fazer negócios.

Entretanto, a automatização crescente, tanto no comércio por retalho como no comércio por grosso, é uma realidade incontestável. Vários estudos preveem reduções significativas, na ordem dos 30%, do emprego no retalho nos próximos sete anos, sobretudo ao nível das funções menos qualificadas. Ao mesmo tempo, as empresas não conseguem preencher as suas necessidades de mão de obra qualificada em tecnologias de informação.

Neste contexto, é fundamental que o Fundo Social Europeu ajude as empresas a gerir positivamente o impacto social da transição digital, nomeadamente ao nível da formação que, por um lado, capacite as empresas na gestão de tecnologias cada vez mais complexas e da automatização e, por outro, permita um maior nível de empregabilidade dos seus trabalhadores.

Ainda neste aspeto, o Eurocommerce defende a manutenção do programa COSME, o programa europeu para a Competitividade das Empresas e das PME, com o apoio direto a projetos e o enfoque na inovação e no apoio às PME no acesso às competências digitais e à mais recente tecnologia. Não se procura exatamente mais despesa ao nível da UE, mas espera-se uma melhor concentração em aspetos que possam funcionar como um multiplicador para o crescimento económico e o emprego sustentável no comércio.

Com a revolução digital, o setor enfrenta uma grande evolução no padrão do emprego. Isto vai ser um desafio em toda a Europa, e é preciso apoio e flexibilidade para ajudar as nossas empresas a ajustarem-se a estas grandes mudanças.