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O “ouro branco” está a mudar o mundo

Bolívia, Chile e Argentina são alguns dos países com as maiores reservas de lítio. Os países e as empresas que controlarem a produção deste elemento serão donos da energia do futuro.
  • A tourist sits on Incahuasi Island while looking out over the Uyuni salt lake, which holds the world’s largest reserve of lithium, located at 3,656 meters (11,995 ft) above sea level in southwestern Bolivia, November 6, 2012. REUTERS/David Mercado (BOLIVIA)
23 Fevereiro 2019, 15h00

O salar de Uyuni, conhecido como o maior deserto de sal do mundo, na Bolívia, abriga quase metade  de todas as reservas mundiais de lítio. O Chile, a Austrália, a Argentina, a China, o Brasil e Portugal são outros países na lista dos países com maiores reservas de lítio. Os maiores clientes, as grandes empresas líderes em produção de baterias recarregáveis, vêm do Japão, EUA, China e Alemanha. E o futuro não se trata apenas de carros elétricos. Dos smartphones às máquinas fotográficas digitais, este elemento é essencial para o seu funcionamento.

Michael Schmidt, especialista da Agência Alemã de Recursos Naturais, estima que a procura global alcançará as 111 mil toneladas até 2025, em comparação com as 33 mil toneladas de 2015. Este recurso encontra-se na natureza da mesma forma como o magnésio ou o cálcio – existe naturalmente em rocha e solo, existindo em proporções variadas no solo em diferentes partes do mundo.

Aproveitando as vastas reservas deste elemento metálico, a Bolívia e o seu Governo poderão tentar influenciar os preços no futuro. “Se temos indústrias de lítio, a Bolívia vai colocar um preço no mundo inteiro”, assegurou recentemente o presidente da Bolívia, Evo Morales, numa visita a Uyuni.

O lítio pode superar os sete mil dólares por tonelada no mercado internacional e Morales garante que a reserva de Uyuni “é a maior do mundo” e “está muito avançada”. No processo para adjudicar uma fábrica de produção, o governo boliviano tem em mãos propostas da China, Rússia, Europa e EUA.

“Vamos decidir que país ou que empresa” será adjudicada, referiu o presidente, após advertir que “mercados não faltam” e estimar que as “reservas sejam suficientes para garantir cinquenta anos de produção”.

Segundo o ‘Benchmark Mineral Intelligence’ da Bloomberg, o preço por tonelada métrica quase triplicou em quatro anos, passando de cerca de cinco mil dólares no final de 2013 para quase 14 mil nos últimos meses de 2017 (mais de 11 mil euros às cotação atual).

Para já, a maior mina de lítio do mundo, a Greenbushes, tem em mãos um plano de expansão. Atualmente responsável por quase um terço da oferta global, usará o projecto de 516 milhões de dólares australianos (326,6 milhões de euros) para aumentar a capacidade para cerca de 260 mil toneladas por ano de equivalente de carbonato de lítio.

O total contrasta com a produção de 90 mil toneladas de 2017 e amplia a expansão actual, que previa uma quase duplicação desse número.

A capacidade expandida entrará em operação a partir do fim de 2020 e a infraestrutura melhorada da mina poderá receber novas ampliações que têm uma significativa capacidade de expansão.

Entre as empresas que dominam atualmente o mercado ocidental de compostos de lítio e encontram-se  os grupos norte-americanos Tanex Corporation (do qual fazem parte a SQM–Chile e a Gwalia–Austrália) e a Rockwood Specialties Group Inc. (que inclui a Chemetall–Alemanha, a Cyprus Foote–EUA e a SCL–Chile).

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