Em 2022, Portugal fechou o ano com um crescimento económico de 6.7%, segundo as estimativas do Instituto Nacional de Estatística, com a dívida pública a descer no passado ano e o défice a ficar signiticativamente abaixo do previsto, com uma receita fiscal que foi superior em 11% relativamente ao ano 2021. Destaque ao contributo do aumento das exportações para o crescimento económico.

Independentemente dos indicadores económicos serem positivos, ficam ainda aquém de 2019, período pré-pandemia, e representam a maior convergência no plano europeu com os países da Europa de leste face a Portugal.

Apesar dos dados marcoeconómicos serem positivos, os portugueses, sobretudo os mais desfavorecidos, estão pior. Em 2023, os aumentos dos rendimentos ficaram abaixo da taxa de inflação registada em 2022, o que leva a uma considerável perda de poder de compra dos portugueses.

No âmbito do combate à inflação, as medidas que têm vindo a ser tomadas pelo Governo são claramente insuficientes. A inflação atinge todos os portugueses, mas afeta sobretudo os mais desfavorecidos. Em 2022, o governo tomou medidas avulso, com apoios pontuais e insuficientes, cuja despesa ficou abaixo, por exemplo, do acréscimo de receita fical.

Os portugueses, com a crise inflacionista, enfrentam aumentos das taxas de juro expressivos e, por isso, um aumento nos encargos com a habitação. Segundo o Banco Central Europeu, as taxas de juro podem continuar a subir, após o aumento em março. No entanto, os produtos alimentares, segundo dados do Eurostat, em Portugal, registaram um aumento de preços a rondar os 16.2% — a quinta maior inflação da Zona Euro. Sendo que o aumento dos preços dos bens essenciais afetam sobretudo as famílias mais desfavorecidas.

Por isso, cabe ao governo tomar medidas para as dificuldades que os portugueses enfrentam. Medidas como a redução ou eliminação do IVA para o cabaz alimentar são fundamentais. Aliás, António Costa pode ter como exemplo o socialista primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchéz, que colocou em prática um pacote de medidas de combate à inflação. O governo espanol optou, entre outras medidas, pela eliminação da taxa de IVA sobre os produtos alimentares.

É importante, obviamente, manter o rigor orçamental, as “contas certas”. Mas, com a perda do poder de compra, os portugueses enfrentam em 2023 maiores dificuldades. No entanto, os mais carenciados são os mais afetados e cabe ao governo tomar medidas concretas de combate à inflação. Ninguém pode ficar para trás.