As preocupações com as alterações climáticas e a sustentabilidade estão a forçar a sociedade a pensar e a agir de forma diferente. Mais do que resultados financeiros de curto prazo, os diferentes stakeholders, acionistas, instituições financeiras, trabalhadores e a sociedade em geral, valorizam cada vez mais o “long-term value”.
Esta preocupação tem vindo a ser materializada em termos regulatórios, nomeadamente através de instrumentos como a nova Diretiva de Reporte de Sustentabilidade (Corporate Sustainability Reporting Directive – CSRD) e o regulamento da Taxonomia Europeia, que fazem parte do maior pacote legislativo de sempre da UE, cuja complexidade aponta para o atual grau de exigência existente ao nível do relato financeiro.
As Organizações estão perante desafios significativos na interpretação e implementação dos requisitos regulamentares e, simultaneamente, na implementação das suas estratégias de sustentabilidade.
Este contexto coloca os CFOs num papel de destaque na prossecução dos objetivos de sustentabilidade das Organizações, em particular nas seguintes dimensões:
- Estratégica: As funções financeiras desenvolvem tradicionalmente líderes com uma visão holística da Organização, do mercado e da sociedade. Os CFOs estão, por isso, aptos a apoiar a gestão de topo na tomada de decisões estratégicas, em particular na identificação dos desafios ESG que se colocam aos diferentes negócios e nas várias geografias onde a Organização opera e na adoção de modelos robustos de avaliação do binómio custo/benefício das iniciativas de sustentabilidade.
- Financiamento: As iniciativas que promovem a transição para modelos de negócio mais sustentáveis necessitam de financiamento. Os CFOs conhecem os diferentes modelos de financiamento, têm ligações com a comunidade de investidores e estão numa posição privilegiada para avaliar as novas modalidades de financiamento assentes em dimensões ambientais e sociais.
- Operação e controlo: Os CFOs, sendo responsáveis pela gestão e controlo financeiro, tendem a centralizar dados relevantes da atividade das Organizações, operando e mantendo estruturas e modelos (incluindo pessoas, processos e tecnologia) que podem ser alavancados. Neste âmbito, destaca-se a definição e implementação de um sistema de controlo interno robusto e efetivo que promova a transparência e a confiança no relato de sustentabilidade.
- Compliance: Falhar no cumprimento com a regulação poderá conduzir a riscos reputacionais muito significativos. O rigor e a experiência dos CFOs será um fator determinante para a qualidade do relato, prevenindo o greenwashing e contribuindo para uma maior credibilidade e eficácia das iniciativas de sustentabilidade.
À medida que a sustentabilidade se torna parte integrante da gestão das organizações, os CFOs devem estar preparados para redefinir a função financeira, materializando o impacto das dimensões ESG nos modelos organizacionais e liderando a mudança através da valorização da sua posição privilegiada.