Esta semana foi noticiado que o CaixaBank e o Bankia estariam em conversações sobre uma possível fusão que dará origem a um novo superbanco. Exemplo prático da pressão expectável dos NPL sobre os capitais dos bancos, a que aqui fazia referência na passada semana, e da visão das autoridades espanholas no sentido de criarem bancos demasiado grandes para serem ‘resolvidos’ pelas autoridades europeias. Uma jogada inteligente. Ventos de Espanha.
Isto ocorre num momento em que está a recomeçar o ano lectivo e onde os bancários e os bancos vão continuar a assegurar a prestação de serviços bancários, qualquer que seja o cenário sanitário futuro. Este é o tempo de relembrar o nosso profissionalismo e o nosso estoicismo. Não somos descartáveis, portanto.

Esteve bem o secretário de Estado da Finanças ao suspender o “Projecto Miraflores” (de alienação de imóveis), mas estranhamos a omissão no denominado “Projecto Oeiras” de externalização de serviços. Ou seja, o espectro da redundância paira, ainda, sobre os trabalhadores da Parvalorem. Ganham os fundos abutre, perdem os portugueses.
Realce para a nossa Assembleia da República que resolveu, e bem, divulgar a famosa auditoria da Deloitte Portugal aos créditos que originaram as imparidades reconhecidas pelo Novo Banco. Sem surpresas, 95% destas imparidades tiveram origem em créditos anteriores à resolução do BES ou em compromissos assumidos com a Direcção-Geral da Concorrência da União Europeia (DGCom). Claro que falta perceber quem eram (ou são) os beneficiários efectivos desses créditos, onde está o dinheiro, os mecanismos de recuperação desses montantes, entre tanta outra coisa. Mas a auditoria ressalta, novamente, como os trabalhadores bancários são alheios às decisões de conceder grandes créditos ignorando regras de prudência tradicionais da profissão bancária. E, pormenor não despiciendo, como a resolução do BES foi pouco feliz.

No meio de tanta discussão mediática, importa realçar dois pontos: deixem trabalhar os bancários (naquilo que eles sabem e gostam de fazer melhor: servir os seus clientes!); e que não sejam dados pretextos a equipas de gestão para sacrificar trabalhadores.